Dormência de gemas sob influência da temperatura durante o período hibernal e resposta produtiva da macieira pelo uso de indutores de brotação
Resumo
A temperatura é o principal fator climático relacionado a indução, manutenção e
superação da dormência na macieira (Malus domestica Borkh.). O inadequado
suprimento em frio para esta espécie determina a ocorrência de problemas
relacionados a brotação, repercutindo na diminuição do potencial produtivo. Dessa
forma, o conhecimento dos princípios fisiológicos e dos fatores ambientais
determinantes no fenômeno da dormência, sobretudo o efeito das temperaturas
hibernais, faz-se necessário para a eficiente seleção de cultivares em determinada
região produtora, assim como para eficiente elaboração e adequação de práticas
culturais para minimização dos problemas oriundos do insuficiente acúmulo de frio
hibernal. A aplicação de indutores de brotação é uma das principais estratégias de
manejo utilizadas para minimizar os problemas da falta de frio em frutíferas de clima
temperado. Em razão da influência dos indutores de brotação sobre a resposta
produtiva das plantas, a mensuração de seus efeitos ao longo do ciclo produtivo
torna-se importante. Este estudo objetivou avaliar a brotação e profundidade de
dormência de cultivares de macieira frente a diferentes condições de exposição ao
frio durante o período hibernal, e avaliar a resposta produtiva de macieiras frente à
aplicação de indutores de brotação. Para tanto, foram realizados três experimentos.
No primeiro experimento, ramos de um ano das cultivares Castel Gala e Royal Gala,
enxertadas no porta-enxerto M7, foram submetidos as temperaturas de 5, 10 e 15ºC
durante diferentes períodos de exposição (168; 336; 672; 1008 e 1344 horas). Após
a efetivação dos tratamentos, as plantas foram mantidas em casa de vegetação a
25ºC. A brotação foi quantificada quando acumulada soma térmica de 3444, 6888,
10332, 13776, 17220 e 20664 GDHºC após tratamentos térmicos. As cultivares
estudadas responderam diferentemente as temperaturas durante o período hibernal.
A temperatura de 15ºC apresentou maior efetividade na brotação de gemas da
cultivar Castel Gala, enquanto as temperaturas de 5 e 10ºC apresentaram melhor
desempenho na cultivar Royal Gala. Não foi possível estimar o requerimento em frio
das cultivares estudadas através do uso de ramos enxertados no outono, visto os
baixos percentuais de brotação obtidos, decorrentes da alta dominância apical
apresentada pela macieira neste sistema de avaliação. O objetivo do segundo
experimento foi avaliar a dinâmica da dormência em cultivares com diferentes
requerimentos em frio. Ramos de um ano das cultivares Castel Gala, Condessa,
Daiane, Fuji, Imperatriz e Royal Gala foram expostos a 0, 336, 672, 1008 e 1344
unidades de frio a 4,5±0,5ºC. Após a exposição ao frio, os ramos foram
segmentados em quatro estacas (terminal, axilar superior, axilar mediana e axilar
inferior) e colocados em câmara de crescimento à 23±1ºC. A profundidade de
dormência foi avaliada pelo tempo médio para brotação das gemas (TMB). Através
do método utilizado não foi possível agrupar as cultivares segundo o requerimento
em frio, indicando que a correlação entre a profundidade de dormência e o
requerimento em frio não é valida para todas as cultivares de macieira. No terceiro
experimento foram avaliadas diferentes combinações de cianamida hidrogenada e
óleo mineral sobre a fenologia, brotação de gemas e produção de frutos em
macieiras Imperial Gala e Fuji Suprema , durante o ciclo 2007/2008. Foram
testados cinco níveis de indutor de brotação (1. testemunha; 2. óleo mineral 3,2%; 3.
óleo mineral 3,2% + cianamida hidrogenada 0,20%; 4. óleo mineral 3,2% +
cianamida hidrogenada 0,39%; 5. óleo mineral 3,2% + cianamida hidrogenada
0,59%). A aplicação dos indutores de brotação antecipou e reduziu o período de
florescimento, aumentando a coincidência de florescimento das cultivares Imperial
Gala e Fuji Suprema. Os indutores de brotação uniformizaram e aumentaram a
brotação de gemas axilares e terminais, obtendo-se máxima brotação na cultivar
Imperial Gala com 0,44% de cianamida hidrogenada e 3,2% de óleo mineral. O
aumento da concentração de cianamida hidrogenada apresentou a tendência de
diminuir a frutificação efetiva. Observaram-se respostas diferenciadas entre
tratamentos quanto à produção e a massa média dos frutos, podendo ser atribuídas
ao predomínio da produção de frutos em distintas estruturas de frutificação.