Padrões de resposta do pessegueiro cv. Maciel a diferentes níveis de déficit hídrico.
Resumo
A produção de pêssego para processamento no sul do Rio Grande Sul corresponde
a 90% da produção nacional. As probabilidades de secas no verão nesta região têm
coincidido com os períodos críticos à falta de água da cultura, o que torna
necessária a suplementação através da irrigação visando maior qualidade no cultivo
e na produção de frutos. O objetivo deste trabalho foi avaliar padrões de repostas do
pessegueiro, cv. Maciel, a diferentes níveis de déficit hídrico. Foram realizados dois
experimentos com plantas cultivadas em lisímetros de pesagem, na sede da
Embrapa Clima Temperado, Pelotas/RS, durante as safras 2005/06 e 2006/07. Os
níveis de irrigação foram baseados na transpiração das plantas, sendo que para o
primeiro experimento os níveis foram: N1 - 100 % de reposição de água transpirada,
N2 80%, N3 60 % e N4 40%, e no segundo experimento estes valores foram
100%, 75%, 50% e 25% respectivamente. Foi observado que a restrição de água no
solo altera o crescimento e o tamanho final dos ramos do ano em pessegueiros.
Restrições acima de 40% de água em relação à transpiração máxima causam queda
precoce das folhas de pessegueiro. A evapotranspiração de referência calculada
pelo método Penman simplificado apresenta estreita relação com a transpiração,
evidenciando a potencialidade de seu emprego para estimativa da transpiração do
pessegueiro. A evaporação d'água medida com evaporímetro de Piche não é
apropriada para estimar a transpiração máxima do pessegueiro. A restrição hídrica
do solo acima de 20% da transpiração máxima altera a curva de crescimento dos
frutos e reduz tamanho final dos frutos de pessegueiro, porém não altera suas
qualidades físico-químicas. O potencial matricial de água no solo apresenta estreita
relação com o potencial da água na folha, podendo ser utilizado como indicador de
estresse hídrico em pessegueiro. O potencial da água na folha em pessegueiros
diminui acentuadamente do amanhecer ao meio-dia, demonstrando um padrão
aniso-hídrico. A resistência estomática e o potencial da água na folha, ao amanhecer
e ao meio-dia, em pessegueiros são adequados indicadores de estresse hídrico. O
pessegueiro apresenta rápida recuperação de seu estado de hidratação em curtos
períodos de déficit hídrico, podendo suportar restrições de até 75% de água em
relação à transpiração máxima. (Apoio: FAPERGS)