Influência do pré-tratamento dentinário na estabilidade da interface adesiva

Visualizar/ Abrir
Data
2013-08-29Autor
Montagner, Anelise Fernandes
Metadata
Mostrar registro completoResumo
O objetivo deste estudo foi avaliar a influência da aplicação do digluconato de clorexidina (CRX) e hipoclorito de sódio (NaOCl) em dentina, após o condicionamento ácido, na performance da interface adesiva submetida a envelhecimento da interface adesiva. Para isto, foram realizados 3 estudos (in vitro, in vivo e revisão sistemática). O estudo in vitro objetivou avaliar o efeito do prétratamento da dentina nos valores de resistência de união (RU) após diferentes tipos de envelhecimentos da interface adesiva. A dentina de todos os espécimes foi submetida ao condicionamento com ácido fosfórico por 15s e em seguida a 3 tipos de pré-tratamento: água destilada (controle - soluçao placebo - 60s), digluconato de clorexidina 2% - 60s, ou hipoclorito de sódio 10% - 60s. O sistema desivo (Single Bond 2 3M/ESPE) foi aplicado na superfície dentinária conforme indicação do fabricante. Palitos resina-dentina foram obtidos e submetidos a 4 níveis de envelhecimento: controle (CO), biofilme sem desafio cariogênico (BSD), biofilme com desafio cariogênico (BCD) e armazenamento em água por 18 meses (AGU). Nos grupos com biofilme, modelo de microcosmo foi utilizado e o biofilme foi crescido em meio definido enriquecido com mucina, com (BCD) ou sem (BSD) sacarose por 14 dias. Após o período experimental os espécimes foram limpos e preparados para o teste de microtração e o padrão de fratura foi analisado. Os valores de RU, em MPa, foram submetidos a ANOVA e teste post hoc Tukey (p < 0,05). O pré-tratamento não influenciou nos valores de RU, para todos os envelhecimentos avaliados (p = 0,188), entretanto o tipo de envelhecimento estatisticamente influenciou os valores de RU (p = 0,000). O envelhecimento CO foi similar ao BSD, com valores RU maiores que o BCD e AGU. A interface adesiva foi
negativamente afetada pelo desafio cariogênico e pela degradação em água. No estudo in vivo, com objetivo de avaliar a retenção de restaurações classe V em dentina tratada ou não com CRX, um ensaio clínico controlado randomizado, boca dividida e triplo-cego foi conduzido. Pacientes (n = 42) com no mínimo 2 lesões cervicais não cariosas (LCNC) foram selecionados. As LCNC foram randomizadas em 2 grupos: tratamento controle e tratamento experimental (CRX 2% - 60s). Restaurações (n = 169) foram realizadas com Single Bond 2 (3M EPSE) e Filtek Z350 por 10 operadores previamente treinados. As restaurações foram avaliadas por um examinador calibrado em 1 semana e 6 meses após, usando os critérios da FDI. A análise dos fatores associados às falhas nas restaurações foi conduzida através
do teste exato de Fisher (α = 0,05). Após 6 meses de acompanhamento, 3,4% (IC95% 1,3 - 7,3) das restaurações falharam devido a retenção. Não houve diferença significante entre os tratamentos controle e CRX para retenção (p = 0,920) e para manchamento marginal (p = 0,734). Em relação às variáveis relativas à cavidade, cavidades com maior profundidade (p = 0,024) e com maior altura (p = 0,004)
6 apresentaram maior ocorrência de falhas. Ainda, cavidades em formato de V apresentaram mais falhas que aquelas em formato de U (p = 0,033). Quanto as variáveis relativas aos pacientes, restaurações em pacientes que apresentavam
boca seca falharam em maior porcentagem (p = 0,034). O uso de clorexidina como um coadjuvante na adesão a dentina não influenciou na retenção das restaurações após 6 meses de acompanhamento. E a revisão sistemática teve o objetivo de
revisar a literatura acerca de estudos in vitro que avaliaram a RU resina-dentina imediata e após envelhecimento com o uso de inibidores de MMPs no procedimento adesivo. A revisão sistemática foi conduzida em 6 databases (Pubmed, TRIP,
LILACS, Scielo, Cochrane and ISI web Science) sem limite de ano ou língua. De 1.336 estudos potencialmente elegíveis, 48 foram selecionados para análise de todo texto e 30 estudos foram incluiídos na revisāo. Dois revisores selecionaram os
estudos, extraíram as informações e dados e verificaram o risco de viés em escalas padronizadas. Os resultados demostraram uma grande heterogeneidade em algumas comparações e nāo mostraram diferenças entre clorexidina 2% e o grupo controle sem envelhecimento, porém após 6 meses de envelhecimento observou-se uma tendência a favor dos grupos controle (p < 0,05). Todavia, foi possível observar
na revisāo de literatura descritiva a tendência da diminuiçāo dos valores de RU (porcentagem) ao longo do tempo, mais para o grupo controle do que para o grupo experimental. De 30 estudos incluídos, apenas 5 estudos (16,6%) apresentaram
médio risco de viés, enquanto 25 estudos (83,4%) mostraram alto risco de vieés e nenhum mostrou baixo risco. Os inibidores de MMPs nāo afetaram negativamente a RU da resina a dentina sem envelhecimento, e nāo influenciaram os valores de RU após envelheciemento.