Influência de baixas temperaturas sobre aspectos bionômicos de Musca domestica (Linnaeus, 1758) (Diptera, Muscidae) e Chrysomya megacephala (Fabricius, 1794) (Diptera, Calliphoridae)
Resumo
Sobrevivência, longevidade e aspectos reprodutivos dos dípteros estão relacionados a fatores bióticos, abióticos e a interação entre eles. A temperatura, por exemplo, influencia diretamente a velocidade e taxas de desenvolvimento, o comportamento, a alimentação, a fecundidade, a dispersão, o potencial reprodutivo e o número de indivíduos de uma população. Diante disto, o objetivo deste trabalho consistiu em
verificar a influência da estocagem de muscóideos adultos de Musca domestica e Chrysomya megacephala a baixas temperaturas (5 e 10°C), mediante a análise dos aspectos bionômicos sobrevivência, longevidade, número médio de ovos.fêmeas-1 e viabilidade (%) de ovos. O experimento foi realizado no Laboratório de Biologia de Insetos, da Universidade Federal de Pelotas, e para a realização foram mantidas colônias de ambas as espécies, pré-estabelecidas às condições laboratoriais (temperatura 25+2°C; umidade relativa 70+10%; fotoperíodo de 12 horas). Foram selecionados ao acaso 15 casais/espécie/repetição, e acondicionados em frascos de vidro, totalizando três repetições/tratamento. Todas as repetições foram simultaneamente acondicionadas em câmara de desenvolvimento biológico (B.O.D.) nas temperaturas de 5, 10 e 25+2°C (controle), constituindo o Fator A (temperaturas controladas de condicionamento de adultos). Os dípteros eram retirados das B.O.Ds. aos 7, 14, 21, 28, 35 e 42 dias, constituindo o Fator B (tempo de exposição de adultos em B.O.D.), procedendo-se a quantificação e o acondicionamento em gaiolas, dos respectivos sobreviventes a temperatura de 25+2°C, até a morte do último díptero, analisando a longevidade, o número médio de ovos.fêmeas-1 e a viabilidade (%) de ovos. Os resultados foram submetidos à análise estatística, com a finalidade de observar se cada temperatura controlada de condicionamento de adultos era limitante dentro de cada tempo de exposição de adultos em B.O.D. Desta maneira pode-se inferir que a utilização de baixas temperaturas (5 e 10ºC), como forma de reduzir as taxas metabólicas e o desenvolvimento destes insetos na fase adulta, foi uma estratégia que interferiu sobre os aspectos bionômicos analisados para as duas espécies em estudo. Como conclusões: A temperatura controlada de exposição de adultos 5ºC inviabiliza a criação de C. megacephala; A utilizaçao de baixas temperaturas de condicionamento (5 e 10ºC) é uma estratégia que interfere negativamente sobre a sobrevivência de adultos (femeas + machos), sobrevivência de fêmeas, sobrevivência de machos, a longevidade, o número médio
de ovos.fêmeas-1 e a viabilidade de ovos de M. domestica e C. megacephala, quando comparadas a temperatura de 25+2ºC; O tempo de exposição de adultos de M. domestica e C. megacephala em B.O.D. por 7 dias, permite a ocorrência de
sobrevivência total (fêmeas + machos), sobrevivência de fêmeas, sobrevivência de machos, a longevidade, o maior número médio de ovos.fêmeas-1 e viabilidade de ovos; O número de sobreviventes fêmeas adultas de M. domestica expostas a baixas temperaturas de condicionamento (5 e 10ºC) é numericamente mais expressivo, que o número de machos sobreviventes.