Matéria orgânica em Planossolo Háplico sob sistemas de manejo no cultivo do arroz irrigado no Sul do Brasil
Resumen
A região sul do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil, apresenta 950 mil hectares de
solos de várzea, cultivados com arroz irrigado, em diferentes sistemas de manejo,
constituindo uma das mais importantes atividades agrícolas para a região. O objetivo
deste trabalho foi avaliar o efeito de sistemas de manejo de arroz irrigado sobre o
conteúdo e qualidade da matéria orgânica do solo (MOS) de um solo representativo
da região, bem como, buscar um maior entendimento dos mecanismos de
estabilização da MOS neste solo. Amostras de um Planossolo Háplico foram
coletadas em um experimento de campo de longa duração (21 anos), nas
profundidades de 0-0,025, 0,025-0,05, 0,05-0,10 e 0,10-0,20 m, nos tratamentos: STSistema
tradicional de cultivo: um ano arroz (preparo convencional) e dois anos com
pousio; APC- Sistema de cultivo contínuo de arroz (preparo convencional) e controle de
invasoras com herbicida; APD- Sucessão azevém/arroz em plantio direto e SN- Solo
mantido com vegetação natural. As amostras foram submetidas aos fracionamentos
granulométrico e densimétrico e o teor de carbono do solo e das frações da MOS
quantificados em analisador de combustão seca, corrigindo-se os estoques de carbono
pela massa equivalente de solo. As características químicas e moleculares do solo e
das frações da MOS foram determinadas por espectroscopia de FTIR, RMN 13C
(CP/MAS) e fluorescência induzida por lazer. O uso do solo sob o sistema sucessão
arroz/azevém em plantio direto mostrou-se eficiente na manutenção ou incremento
dos estoques de MOS do solo, até a profundidade de 0,05 m, e o incremento da
fração grosseira conferiu um maior índice de manejo de carbono (IMC), mostrando a
capacidade deste sistema conservacionista em promover a qualidade do solo. A
fração leve oclusa da MOS não foi sensível aos efeitos dos diferentes sistemas de
manejo utilizados no cultivo do arroz irrigado, evidenciando uma baixa eficiência da
proteção física da MOS por oclusão em agregados, o que pode estar relacionada à
condição de má drenagem no processo de agregação deste solo. A caracterização
espectroscópica da MOS do solo de várzea mostrou que seus grupos funcionais são
semelhantes aos de solos oxidados, no entanto, a proporção de estruturas CO-alquil
das frações leve livre e leve oclusa foram elevados (39 a 52%), evidenciando um
baixo grau de decomposição da MOS no ambiente mal drenado. A MO do sistema
APC apresentou se mais humificada do que a MOS dos sistemas APD e SN,
principalmente nas camadas superficiais, refletindo as perdas das frações mais
lábeis da MOS, pelo preparo do solo.