Frações e qualidade da matéria orgânica de um solo construído vegetado com gramíneas após a mineração de carvão.
Resumo
Após a mineração do carvão é necessária a recomposição topográfica da área,
originando solos construídos, os quais normalmente apresentam baixos estoques de
matéria orgânica do solo (MOS). As coberturas vegetais podem recuperar estes
estoques, melhorando as condições do solo construído. O objetivo deste estudo foi
avaliar o efeito de plantas de cobertura, sobre o estoque de carbono orgânico total
(COT), carbono nas frações da MOS e sobre a qualidade da matéria orgânica de um
solo construído após a mineração de carvão. Avaliou-se dois experimentos em um solo
construído, em Candiota/RS, um com seis anos (E6), e outro com dois anos (E2). Os
tratamentos constituíram-se de coberturas vegetais: Hemártria (T1), Pensacola (T2),
Grama Tífton (T3) e Braquiária Brizantha (T4), no E6 e T1 Vaqueiro, T2 Braquiária
Brizantha, T3 Tanzânia, T4 Braquiária Humidícola, T5 Hemártria e T6 Tifton, no
E2. Amostrou-se o solo na camada de 0,00 a 0,03m nas áreas experimentais e em área
adjacente, o solo construído descoberto (T8) e um solo natural (Argissolo Vermelho)
com vegetação nativa (T9), para comparação. No E6 realizaram-se os fracionamentos
químico e físico (granulométrico e densimétrico) da MOS, determinando-se os estoques
de nitrogênio total (NT), de COT e carbono nas frações, análise de infravermelho com
transformada de Fourier (FTIR) do ácido húmico (AH) e fluorescência induzida a laser
(FIL) do solo inteiro. Calculou-se o percentual de AHs (HI), razão AH/ácido fúlvico (HR),
o índice de manejo de carbono (IMC) e o grau de humificação da MOS (HFIL). No E2,
realizaram-se as mesmas determinações, com exceção do fracionamento químico. No
E6 o maior estoque de AH foi observado no T4, que não diferiu do T1. O mesmo ocorreu
para as frações leve livre (FLL) e leve oclusa (FLO). O HR variou de 0,27 a 1,0 e os
tratamentos com maior HI foram o T1 e o T4, indicando uma MOS mais humificada. Os
espectros de FTIR dos AHs de T1, T2 e T4 assemelharam-se ao do T9, enquanto que, o
do T3 assemelhou-se ao do T8. A qualidade do solo construído foi melhorada
principalmente por T1 e T4 (maiores IMCs). As plantas elevaram os estoques de COT,
NT, de carbono nas frações da MOS e o IMC em comparação ao T8, entretanto, estes
valores foram inferiores aos do T9. No E2, os estoques de COT não diferiram entre os
tratamentos e o maior estoque de NT foi observado no T3, que não diferiu de T2. Os
maiores estoques de carbono na fração grosseira (CFG), na FLL e IMCs foram
observados em T2 e T3. As plantas elevaram os estoques de COT, NT, carbono nas
frações da MOS e o IMC em relação ao T8. Em ambos os experimentos, o HFIL dos
tratamentos foi maior que o do T9 e menor do que o T8 e independente da espécie
vegetal houve recuperação parcial da qualidade do solo, sendo as espécies mais
recomendadas para recuperação do solo construído a Hemártria e a Braquiária
Brizantha no E6 e a Tanzânia e a Braquiária Brizantha no E2.