Dinâmica Espaço Temporal do Carbono do Solo na Bacia do Arroio Piraizinho em Bagé, RS

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Data
2011-03-31Autor
Santos, Fioravante Jaekel dos
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As práticas agrícolas, entre outros, contribuem para a redução da qualidade do
ambiente, através do desequilíbrio entre fixação e emissão de CO2 para a atmosfera.
A importância da estocagem de C no solo extrapola a questão do sequestro em si,
uma vez que manejos que intensificam o aumento dos seus estoques no solo
também possibilitam a melhoria da sua qualidade como um todo. A evolução pontual
dos estoques de carbono do solo em função dos usos passados e futuros pode ser
estudada através de modelos matemáticos como o Programa Century. A associação
desse com o Sensoriamento Remoto (SR) e Sistemas de Informações Geográficas
(SIG) torna possível a análise e a modelagem da sua distribuição e variabilidade
espacial em áreas geográficas definidas. Nesse estudo foi selecionada uma bacia
hidrográfica (do Arroio Piraizinho, Bagé, RS), situada no Pampa Gaúcho,
tradicionalmente utilizada com pecuária extensiva em campo nativo, para analisar e
modelar a evolução dos estoques de carbono do solo em função de alterações no
uso do solo através de uma nova matriz produtiva que está começando a se
implantar na região. Para tal, inicialmente foi realizado um levantamento semidetalhado
dos solos da bacia hidrográfica; após, uma análise espacial e temporal
dos usos do solo através de fotos aéreas e imagens de satélite, apoiada por
levantamentos de campo e entrevistas com proprietários de terras e técnicos da
região. Para modelagem dos cenários de carbono, com base nas unidades de solos
e nos usos existentes, foi realizada uma coleta de amostras de solo para
parametrizar e validar o modelo Century 4.0. A espacialização dos dados foi feita
montando uma base SIG com o mapa de solos e do relevo de forma a modelar
ponto a ponto o estoque de carbono através da variável erosão, onde em cada pixel
foi atribuída uma perda de solo calculada através da USLE. Foram encontrados na
área unidades de mapeamento de Neossolos (RReh, RLd), Argissolos (PVd),
Luvissolos (TXo1, TXo2, TXp, TCo), Chernossolos (MEo), Vertissolos (VEo) e
Gleissolos (GMve), com relevo em média suave ondulado. Até o ano de 1967
98,75% da área da BHP era utilizada somente com pecuária extensiva em campo
nativo, que foi reduzida a 82,67% em 2009, com a entrada das culturas de arroz,
soja, eucalipto e acácia. Os estoques de C na camada arável dos solos da BHP são
afetados de modo variável em função do uso do solo e da unidade de mapeamento.
Os maiores estoques de C sob campo nativo com pastoreio tradicional simulados em
1990 ocorreram nas unidades MEo (89,04 Mg ha-1 C) e TCo (79,87 Mg ha-1 C),
enquanto que os solos das unidades RLd (27,48 Mg ha-1 C) e PVd (41,73 Mg ha-1 C)
produziram as menores capacidades de armazenamento de C. A simulação indica
também que o sistema com plantio direto de soja no verão e aveia preta no inverno
não mantém os níveis de C dos solos estudados, mostrando um consumo dos
estoques em todas as unidades de mapeamento. A manutenção deste tipo de uso
por 50 anos pode significar o consumo de 35% dos estoques de C dos solos nas
unidades de mapeamento simuladas (todas à exceção da VEo e GMve). O sistema de pastoreio racional Voisin apresentou uma capacidade superior à do pastoreio
tradicional sem queima em promover o acúmulo de C nos solos estudados.