Caracterização dos sistemas de produção de leite na região sul do Rio Grande do Sul: relação com a mastite e a qualidade do leite
Resumo
Devido à importância da cadeia do leite no Rio Grande do Sul, objetivou-se a caracterização dos sistemas de produção na região sul do Estado, relacionando-os com a qualidade do leite proveniente de tanques resfriadores. Foram realizados
questionários epidemiológicos com os produtores e, amostras de leite foram coletadas para análise química e microbiológica. Observou-se que a atividade leiteira é realizada em 26,06 ha e com 8,4 vacas em lactação em média com produtividade média de 6,8 L/dia. A maioria das propriedades produz entre 50 e
100L/dia. Dentre os produtores, 39,3% ordenham seus animais manualmente; apenas 14,2% realizam pré-dipping; 53,9% utilizam um único pano para secagem dos tetos de todos os animais. Houve correlação negativa entre a contagem de
células somáticas (CCS) e produção (r= -0,23) e entre CCS e lactose (r= -0,39) e positiva entre teor de lactose e produção (r= 0,31). Quanto às análises microbiológicas do leite dos tanques, as médias das contagens foram: Staphylococcus sp. (5,32x106 unidades formadoras de colônias (UFC)/mL), S.
aureus (1,33x105 UFC/mL), enterobactérias (1,82x107 UFC/mL). Houve presença de Escherichia coli (27,8% das propriedades), Streptococcus agalactiae (6,2%), S.
dysgalactiae (37,2%), S. uberis (16,8%), Candida sp. (15,7%), Aspergillus sp. (5,8%), Trichosporum sp. (3,6%) e Cryptococcus sp. (1,5%). As análises de risco mostraram grandes chances de ocorrência de S. agalactiae, S. dysgalactiae e S. bovis, quando se utilizam práticas de manejo e instalações precárias. Houve diferença (p=0,003) na CCS, a qual aumentou onde se realiza ordenha manual, que também contribuiu para o aumento na contagem de S. aureus (p=0,0428). A realização de pré-dipping, comprovadamente diminui as contagens de
Staphylococcus sp. (p=0,0415). O leite produzido na região encontra-se bastante contaminado e uma das causas é o manejo inadequado de ordenha.