Fungos e micoses em animais silvestres recebidos por Centros de Triagem

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Data
2009-07-23Autor
Albano, Ana Paula Neuschrank
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O estudo das doenças infecciosas em animais silvestres, em especial as causadas
por fungos, são pouco relatadas relacionando sua incidência e a distribuição dos
diversos agentes etiológicos nas populações cativas e, em especial nas de vida livre.
A identificação das espécies fúngicas que fazem parte da microbiota em animais
saudáveis é condição primordial para o reconhecimento daquelas causadoras de
processos patológicos. O objetivo deste trabalho foi isolar e identificar fungos
presentes em animais silvestres sadios ou não, recebidos em Centros de Triagem, e
o respectivo estudo das micoses causadas pelos mesmos em animais silvestres nos
estados do Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. As coletas de material foram
realizadas através de swabs estéreis para o meato acústico externo e da técnica do
"quadrado do carpete para o tegumento dos animais silvestres em avaliação. As
amostras foram coletadas de 83 animais silvestres e os gêneros de fungos isolados
neste estudo foram: Aspergillus sp., Candida spp., Penicillium sp., Geotrichum sp.,
Malassezia sp., Trichophyton sp., Trichophyton mentagrophytes, Fusarium sp. e
Scopulariopsis sp. Nos 33 animais que apresentaram lesões houve isolamento
fúngico em 97%. Dentre as aves, 100% dos animais coletados apresentaram sinais
clínicos, com isolamento dos gêneros Candida sp. e Aspergillus sp. em 81% (n=13)
e 19% (n=3) dos animais, respectivamente. Já no grupo dos mamíferos o total de
animais que apresentaram sinais clínicos foi de 23,07% (n=15), sendo que todos os
gêneros de fungos isolados neste estudo estavam presentes, a exceção de
Fusarium sp. No grupo dos répteis, representado por dois exemplares da espécie
Chelonia mydas (tartaruga-verde), houve crescimento de Candida lipolytica em um
indivíduo e Fusarium sp. em outro, sendo que ambos apresentavam sinais clínicos.
Os resultados obtidos evidenciaram a presença de fungos em animais silvestres,
sendo, portanto, necessária a continuidade dos estudos sobre a microbiota e as
doenças fúngicas em animais silvestres em reabilitação e seus respectivos agentes
etiológicos, de modo que novos achados possam possibilitar a prevenção e o
tratamento das micoses, qualificando o atendimento realizado de forma mais
direcionada e específica nos serviços de atenção primária a animais silvestres no
Brasil.