Avaliação e tratamento da otite externa canina
Resumo
Este estudo objetivou relacionar casos de otite externa canina ceruminosa e
purulenta com a idade e raça do cão, evolução clínica, conformação da orelha,
achados clínicos e microbiológicos; avaliar o efeito da terapia tópica associada a
ceruminolíticos em orelhas com otite externa ceruminosa e, avaliar o efeito da
lavagem do canal auditivo em orelhas com otite externa purulenta. As orelhas foram
avaliadas pelo tipo de secreção em otite ceruminosa (OC) ou otite purulenta (OP).
Para o tratamento da otite externa ceruminosa 40 orelhas foram divididas nos
grupos A e B, sendo o grupo A tratado com ceruminolítico e solução otológica e, o
grupo B somente com solução otológica. Para o tratamento da otite purulenta 36
orelhas foram divididas nos grupos A1 e B1. Ambos os grupos foram tratados com
solução tópica e antibacteriano sistêmico, no grupo A1 foi realizada uma única
lavagem auditiva no dia 0. As orelhas foram avaliadas clinicamente (0,15,30,45 dias)
e aquelas com ausência de prurido, de cerúmen/exsudato na concha acústica e de
eritema na otoscopia receberam alta clínica. Nos três estudos foram colhidas
amostras para avaliação microbiológica. Casos de OC em relação à OP foram mais
freqüentes, respectivamente em cães da raça poodle e da raça fila brasileiro, em
orelhas pendulares e a evolução das OP foi crônica. A média de idade nas OC foi
3,3 anos e nas OP 4,4 anos. As OC se caracterizaram por eritema da concha
acústica e quantidade variável de cerúmen, e as OP por balançar da cabeça, odor
fétido, exsudato na concha acústica, otalgia, úlceras, estenose e quantidade
moderada e intensa de exsudato. Na citologia nas OC houve predomínio de cocos
Gram+ e leveduras e nas OP bacilos Gram- e cocos Gram+. Nas OC, os principais
isolados foram de Malassezia pachydermatis e Staphylococcus intermedius e nas
OP Proteus sp., Pseudomonas aeruginosa e S. intermedius. Amoxicilina com ácido
clavulânico nas OC e tobramicina nas OP foram os antibacterianos mais eficazes.
Na avaliação do tratamento das OC aos 45 dias houve alta clínica em 14 orelhas do
grupo A e 10 do grupo B, porém não foram observadas diferenças estatísticas entre
tratamentos em todas as avaliações. Na primeira coleta foram isolados
principalmente M. pachydermatis e S. intermedius, aos 30 dias nenhuma amostra
apresentava crescimento bacteriano. No tratamento das OP em ambos os grupos os
sinais clínicos estavam reduzidos aos 45 dias, com alta clínica de 13 orelhas do
grupo A1 e em 12 do grupo B1. Foram mais isolados bacilos Gram- e cocos Gram+,
que diminuíram em ambos tratamentos. Gentamicina foi o antibacteriano com maior eficácia nos dois estudos. Conclui-se que nas condições estudadas houve diferença
quanto à idade, raça, evolução clínica, achados clínicos, citologia, isolamento e
sensibilidade a antibacterianos entre as otites ceruminosas e purulentas; o uso de
ceruminolítico e a lavagem do canal auditivo no dia 0, respectivamente nas OC e OP
não demonstraram diferença na redução dos sinais clínicos, no isolamento
bacteriano e fúngico e na alta clínica.