Ressecção lateral do conduto auditivo externo: Avaliação no tratamento da otite externa crônica e proposta do uso de adesivos
Resumen
A otite externa corresponde a todo processo inflamatório, agudo ou crônico, que
atinge o epitélio do conduto auditivo externo, podendo também acometer o pavilhão
auricular. Em casos crônicos ou recidivantes de otite canina, não responsivos a
terapia com medicamentos, o tratamento cirúrgico é indicado, sendo, a ressecção
lateral do conduto auditivo externo uma das técnicas aplicadas. Neste trabalho
objetivou-se avaliar os aspectos clínicos, microbiológicos e histopatológicos da
ressecção lateral do conduto auditivo externo no tratamento da otite externa crônica
em cães e comparar o processo de cicatrização de feridas cirúrgicas do conduto
auditivo externo e da pele da região lombar de coelhos utilizando na síntese
adesivos teciduais e o fio de náilon. No primeiro experimento foram estudados sete
caninos com otite externa crônica recidivante, com tempo de evolução de um ano ou
mais, não responsiva a tratamento medicamentoso, apresentando estenose do
conduto vertical, secreção ceruminosa (moderada a abundante) ou purulenta e
presença de eritema (moderado a intenso). No dia 0 os cães foram avaliados
clinicamente e coletadas amostras de secreção auricular para análise microbiológica
e, posteriormente, submetidos ao procedimento de ressecção lateral do conduto
auditivo externo. Nos dias 45, 60 e 90 pós-operatório foram reavaliados clinicamente
e microbiologicamente quanto à evolução da otite. O pavilhão auricular foi avaliado
quanto à presença de prurido e eritema. O conduto auditivo externo foi avaliado
considerando a presença de eritema, secreção, estenose, tumorações e crescimento
de fungos e bactérias. A técnica foi efetiva no tratamento da otite externa crônica
canina. No segundo experimento, foram utilizados 12 coelhos (n=24 orelhas)
submetidos à ressecção lateral do conduto auditivo externo e a duas incisões
cutâneas na região dorsal. A síntese das feridas cirúrgicas foram realizadas com
náilon monofilamentar e adesivos teciduais. Foram avaliados os aspectos clínicos do
processo cicatricial das feridas cirúrgicas no 1º, 3º, 7º, 14º e 21º dia pós-operatório.
No final do experimento (21º dia pós-operatório) foram coletadas amostras das
feridas cirúrgicas para análise histopatológica. Os resultados do experimento com
cães demonstraram que a técnica de ressecção lateral do conduto auditivo externo
foi efetiva no tratamento da otite externa crônica demonstrando redução significativa
(p<0,000) do eritema, prurido e secreção quando comparado o dia 0 com os dias
45, 60 e 90 dias pós-operatório, bem como redução no crescimento de fungos e bactérias. No experimento realizado com coelhos, as avaliações clínicas das feridas
cirúrgicas das orelhas e da pele indicaram não haver diferenças significativas (p
>0,05) entre os tratamentos, apesar de apresentar tendência de melhor evolução no
processo cicatricial do etil-cianoacrilato. Quando comparado à cicatrização das
feridas cirúrgicas da orelha e da pele, foi evidenciando que na pele os três
tratamentos foram melhores do que na orelha. Os resultados demonstraram que
tanto o náilon monofilamentar 5-0 quanto os adesivos n-butil cianoacrilato
(Vetbond®) e etil-cianoacrilato (Super Bonder®) atuaram de forma semelhante na
cicatrização das feridas cirúrgicas, com tendência para melhor evolução cicatricial
quando utilizado o etil-cianoacrilato.