Prevalência e fatores associados ao desgaste erosivo dental em crianças e adolescentes com dentição permanente e mista: resultados de revisões sistemáticas e de um estudo transversal
Resumo
Especial interesse tem sido relacionado à presença de erosão dental em crianças e adolescentes, notadamente pela mudança na dieta que tem ocorrido ao longo das últimas décadas. Para abordar esse tema, foram realizadas revisões sistemáticas e um estudo epidemiológico procurando investigar a prevalência e os fatores associados à ocorrência de desgaste erosivo dental em crianças com dentição permanente. No primeiro artigo foi realizada uma revisão sistemática para estimar a prevalência ao redor do mundo de erosão dental em crianças com dentição permanente, tendo sido observado a prevalência estimada de 30.4% e alta
heterogeneidade entre os estudos. A meta-regressão verificou que o índice de desgaste dentário, os estudos realizados no Oriente Médio e na África e os estudos com mais de 1.000 indivíduos estiveram associados com taxas mais altas de prevalência. No segundo estudo a literatura foi acessada e analisada de forma sistemática para testar a influência da dieta na prevalência de erosão dental em crianças e adolescentes. Foi detectado que o alto consumo de refrigerantes (p=0,001), doces ou lanches ácidos (p = 0,01) e sucos de frutas ácidas (p=0,03), aumentaram a chance de ocorrer erosão, enquanto que o consumo de leite (p = 0,028) e iogurte (p = 0,002) a reduziram. Para os artigos 3, 4 e 5 foi realizado um levantamento epidemiológico transversal em escolares de 8 a 12 anos, na cidade de Pelotas, para estabelecer a prevalência das lesões erosivas e sua possível associação com fatores sócio demográficos, comportamentais e biológicos. Adicionalmente foi testado se a ocorrência de erosão poderia estar associada à
prevalência de sobrepeso/obesidade e cárie. O trabalho de campo foi realizado por uma equipe treinada e calibrada, sendo os dados coletados através de questionários e de exames clínicos. A erosão dentária foi avaliada nos incisivos maxilares usando
o índice de O’Sullivan adaptado por Peres. A ocorrência de cárie dentária foi avaliada utilizando o índice CPOD (OMS). O exame antropométrico foi realizado para determinar o Índice de Massa Corporal (IMC) além de coleta de informações
sobre prática de atividade física. A prevalência de erosão e sobrepeso/obesidade na amostra foi 25,0% e 34,6% respectivamente. Na análise ajustada foi observada maior prevalência de erosão em crianças mais velhas e de escolas públicas enquanto o apinhamento dental foi considerado fator de proteção. Apenas na análise estratificada por tipo de escola foi verificado que crianças de escolas privadas demonstraram associação positiva entre erosão e obesidade. A prevalência de cárie na amostra foi de 32,4%, não havendo associação entre cárie e erosão, ou consumo de bebidas ou frutas ácidas. Ao final observou-se alta prevalência de erosão
mundial, a qual esteve associada ao consumo de diferentes alimentos ácidos, enquanto que no Sul do Brasil a prevalência foi alta e associada à idade, tipo de escola e apinhamento, não sendo associada à ocorrência de obesidade a nível geral e nem à presença de cárie dental.
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