Impacto da doença mental em adolescentes grávidas e as repercussões na saúde bucal dos filhos na infância
Resumo
A cárie na primeira infância é definida como a presença de um ou mais dentes decíduos cariados, perdidos ou restaurados até 71 meses de idade. Existem evidências que determinantes sociais, culturais, econômicos, ambientais, psíquicos e comportamentais podem ser fatores de risco para a cárie da primeira infância. Assim, este estudo tem como objetivo investigar a relação entre fatores psicossociais e desordens psiquiátricas com a cárie da primeira infância; determinar a influência de fatores socioeconômicos, demográficos e de saúde bucal maternos na saúde bucal de seus filhos. O estudo transversal está aninhado em uma coorte de mães adolescentes captadas durante o pré-natal realizado no Sistema Único de Saúde. A coleta de dados socioeconômicos, demográficos e de hábitos de saúde bucal ocorreu através de uma entrevista, a coleta das desordens psiquiátricas
através do instrumento diagnóstico MINI - PLUS (Mini International Neuropsychiatric) e os eventos estressores avaliados através da Life Events Scale. As mães e crianças foram submetidas a um exame de saúde bucal seguindo os critérios da Organização Mundial de Saúde. A atividade de cárie das crianças foi determinada quando pelo menos uma superfície dos dentes decíduos cavitada foi detectada. Foram avaliadas 538 díades de mães/filhos no período de junho de 2012 a fevereiro
de 2014. Ao avaliar a relação entre fatores psicossociais e desordens psiquiátricas com a cárie da primeira infância, constatou-se que a depressão materna e a presença de eventos estressores no domínio perda de suporte social estiveram associados com a presença de cárie nas crianças (p = 0,040; p = 0,042, respectivamente), enquanto que a presença de eventos estressores no domínio
trabalho foi um fator de proteção para cárie na infância (p = 0,001). Na investigação sobre a influência materna na experiência de cárie dos filhos a presença de pelo menos um dente cariado e a presença de sangramento gengival da mãe foram as principais fatores de risco para cárie da primeira infância (p = 0,017 e p = 0,045, respectivamente), enquanto que pertencer ao tercil mais alto de renda foi um fator de proteção para cárie da primeira infância (p = 0,014). Orientações de autocuidado juntamente com o cuidado com a saúde bucal dos filhos são necessários visando restabelecer a saúde das mães e prevenir cárie da primeira infância nos filhos. Os resultados sugerem que mães com relatos de depressão e eventos estressores relacionados com a perda de suporte social e problemas de saúde bucal merecem maior atenção quanto à prevenção de cárie na primeira infância dos filhos.
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