Equilíbrio Reflexivo Amplo e Justificação Pessoal.
Resumo
Desde a sua nominal formulação por John Rawls em A Theory of Justice (1971), e posterior popularização por uma série de ensaios de Norman Daniels (1979-1983), o método do equilíbrio reflexivo amplo tornou-se parte relevante do debate metaético e epistemológico. Não obstante esse reconhecimento, desde então a compreensão que se possui do método avançou pouco além dos ensaios do Daniels. O objetivo desta dissertação é preencher essa lacuna argumentando que a filosofia de Rawls contém pressupostos a partir dos quais é possível articular uma versão alternativa do método. Contrariamente à leitura padrão favorecida por Daniels, é defendido que o equilíbrio reflexivo amplo é utilizado por Rawls para mostrar que a justiça como equidade é a resposta para a seguinte questão: se uma pessoa razoável estiver pessoalmente justificada em sustentar as suas crenças morais, que concepção de justiça ela sustentaria em reflexão? Partindo dessa caracterização, o equilíbrio reflexivo amplo é apresentado como o esboço de uma concepção moderadamente fundacionalista de justificação pessoal. Com base nessa imagem do método são discutidas algumas das objeções tradicionalmente endereçadas contra ele, como as objeções do descritivismo e do conservantismo. Conclui-se que essas críticas, se devidamente interpretadas, apontam acertadamente algumas limitações do ERA, embora seja contestável se essas limitações representem falhas genuínas no método proposto por Rawls.
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