Desconstrutivismo e arquitetura pós-moderna : da crítica cultural dos anos sessenta ao espetáculo no século XXI.
Resumo
O objetivo da pesquisa (e dissertação) é conceituar e contextuar a arquitetura
desconstrutivista, partindo de um estudo das condições da Modernidade que possibilitaram a
emergência, a permanência, o fim e o legado dessa tendência arquitetônica. Examinaram-se as
críticas à razão, à ciência e às diferentes concepções de história a partir da década de sessenta
do século XX. Considerou-se que aquelas críticas marcavam a “Pós-Modernidade”, na cultura
e na arquitetura. Entre outros, retomou-se o problema da recuperação do sujeito na cultura da
Modernidade padronizadora das subjetividades. A Pós-Modernidade teria sido o momento e
as abordagens que pretendiam desconstruir as certezas da Modernidade. O Desconstrutivismo
europeu e norte-americano apoiou-se na fenomenologia, no estruturalismo e no pósestruturalismo,
bem como na hermenêutica. Tentou assimilar o fenômeno da globalização, um
novo paradigma estético e os reflexos da reviravolta linguística na filosofia, nas ciências
humanas, na crítica cultural e também na arquitetura. O filósofo Jacques Derrida foi estudado
nesta pesquisa como o mentor do Desconstrutivismo na arquitetura, tendo ele mesmo
trabalhado em alguns projetos. O método de abordagem para compreender o fenômeno
desconstrutivista foi reconstrutivo e hermenêutico. Segmentos da trajetória de Derrida foram
estudados retrospectivamente, a partir de sua emergência no campo da arquitetura. A
reconstrução do Desconstrutivismo também abrangeu a arte e o cinema, a arte conceitual e
identificou-se o Desconstrutivismo na arquitetura como parte da Pós-Modernidade.
Detalharam-se análises da época, do caráter metalinguístico e de hipertexto da arquitetura
desconstrutivista. Problematizou-se a dualidade entre representação e realidade em
arquitetura. Por meio de uma análise gráfica de obras arquitetônicas selecionadas, a pesquisa
fez uma reviravolta e passou a descrever a arquitetura desconstrutivista não somente como
uma tendência estética pós-modernista, mas expôs um campo de poéticas da arquitetura
subjacente ao Desconstrutivismo arquitetônico. Dois arquitetos foram escolhidos para
demonstrar esse achado: Peter Eisenman e Bernard Tschumi. O Parc de La Villette de Paris
foi tomado como obra-chave para compreender a abordagem e a poética desconstrutivista na
arquitetura. Concluiu-se que a Arquitetura Desconstrutivista, ao chegar a seus “posfácios”
havia-se dissolvido na cultura de massas, no campo da arquitetura e passou a servir de
referências para outras arquiteturas distanciadas dos objetivos desconstrutivistas primordiais.
A força crítica dos “prefácios” do Desconstrutivo foi removida e neutralizada pela
popularidade necessária a uma arquitetura da globalização. Também registraram-se mudanças
nas direções das carreiras dos arquitetos estudados, após a conclusão do Parc de La Villette.
Retomaram suas “carreiras solo”, embora compartilhando posicionamentos. Também
confirmou-se uma das teses do arquiteto e historiador Manfredo Tafuri, segundo a qual na
Modernidade a produção da arquitetura não ultrapassa os limites das ideologias, com dias
contados. As poéticas de vanguarda acabam sendo recebidas como “estilos” e sua força crítica
lhes é suprimida e neutralizada. O destino do Desconstrutivismo arquitetônico acompanhou o
das demais artes, no capitalismo em globalização. Ao ser recebida por seu caráter formal, pela
sua estética, a arquitetura desconstrutivista foi recebida como um empreendimento de uma
“neovanguarda”, por algum tempo, até sua dissolução nas estéticas contemporâneas do
supérfluo ou do hiperestético, do objeto sem função, exclusivamente estético.
Collections
Os arquivos de licença a seguir estão associados a este item: