A tradição das marcas de gado nos Campos Neutrais, RS/ Brasil.
Resumo
Este trabalho tem como tema as marcas de gado registradas e utilizadas no extremo
sul do Rio Grande do Sul, Brasil, na região historicamente conhecida como Campos
Neutrais. As marcas são estudadas a partir de sua utilização como instrumento de
registro de propriedade e como elemento simbólico, originando uma tradição de
criação, transmissão e renovação destes usos. O objetivo do trabalho é identificar e
registrar os mecanismos inerentes a estes processos, de forma a compreender
como essa tradição se estabelece e se renova através do tempo. Para atender a
este objetivo inicialmente é realizada uma investigação voltada à descrição do
espaço onde esta tradição se desenvolve, apontando características históricas,
geográficas, políticas e sociais que apresentem a posse de terras e de gado como
fatores marcantes à formação social e cultural do campo de estudo. Os Campos
Neutrais encontram-se inseridos em um contexto regional mais amplo, denominado
Região Platina, que abarca o Rio Grande do Sul, no extremo sul do Brasil, parte da
mesopotâmia e da pampa da Argentina e pelo Uruguai. Posteriormente é verificado
como as marcas se convertem em instrumentos legais de determinação da
propriedade da criação em toda a região. Para tal, são identificadas as
particularidades dos lugares investigados, buscando-se estabelecer relações entre
as práticas dos três países. É possível observar que a utilização das marcas de gado
se mantém como referentes simbólicos, gradativamente recebendo transformações
em sua forma de utilização, o que permite tanto a atualização e ampliação de seu
campo de abrangência, quanto sua identificação enquanto elemento identitário.
Como referentes teóricos para esta discussão são utilizados, para o primeiro
capítulo, autores voltados à discussão de territórios, fronteiras e limites vindos da
geografia, em especial Haesbaert. A bibliografia relativa à formação histórica é
baseada em historiadores gaúchos, argentinos e uruguaios, em especial Golin e
Pesavento. Para os capítulos posteriores, onde o foco é dado às marcas, foram
utilizadas as referências existentes sobre o assunto, em especial Pont e Maia. Do
campo da antropologia e memória se buscam os referentes para a discussão sobre
identidade e tradição, em especial a partir de Candau e Arévalo.
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