Educação física e pobreza: a organização do trabalho pedagógico em um contexto de desigualdade social
Resumo
Esta pesquisa objetivou analisar a organização do trabalho pedagógico da Educação Física em uma escola da rede pública municipal de Pelotas-RS, imersa em um contexto de desigualdade social. Deste modo, para a realização da investigação desta pesquisa foram realizadas observações das aulas dos professores e professoras, bem como a realização de entrevistas gravadas. Igualmente, com os estudantes da escola, realizamos a aplicação de um questionário de perguntas abertas. Ao analisarmos as condições efetivas do trabalho pedagógico, começamos a compreender as relações existentes na organização do trabalho pedagógico da Educação Física e o contexto de pobreza. A partir dos dados da realidade, observamos as formas em que a escola, na sociedade capitalista, se organiza e como essa organização se estabelece através de seus agentes, ao se depararem com as condições de vida dos estudantes. Observamos a luta diária dos professores e professoras na organização do trabalho pedagógico, de forma a preocuparem-se com as possibilidades de inserção da população do bairro na escola e seu acesso à educação. A escola acaba tornando se, para o aluno e para a aluna pobre, um local de acolhimento, de bem-estar e não deveria ser diferente, porém, neste contexto, os alunos e alunas buscam o que não conseguem ter acesso diariamente, no seu dia a dia: roupa, comida, segurança, entre outros. A escola tenta abarcar todos esses anseios para que os estudantes tenham melhores condições de ensino. Assim, entendemos que tanto a escola como os
professores e professoras realizam a reelaboração da organização escolar e do trabalho pedagógico para adaptarem a escola e suas aulas ao contexto social da localidade. Isso parte também dos alunos e alunas que, ao internalizarem suas condições para o ambiente escolar, trazem consigo vivências que vão ser agregadas à organização da escola e serão trabalhadas por aqueles que compõe o ambiente escolar. Portanto, este estudo nos mostrou que existem movimentos resistentes, tanto dos professores e professoras como dos estudantes, ao modo de educação capitalista, partindo da reorganização do trabalho pedagógico para novas possibilidades que reelaboram o antigo para a aplicação do que é novo, do que foi transformado e superado.
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