Por que espanhol? O imaginário de língua espanhola no discurso de alunos e professores de Pelotas-RS e de Jaguarão-RS
Resumo
O presente trabalho tem por objetivo analisar quais formações imaginárias sobre a língua espanhola emergem dos dizeres de alunos e professores da Educação Básica na região sul do Brasil. A principal motivação para o desenvolvimento da pesquisa surgiu após a revogação da Lei n° 11.161/2005, a chamada “Lei do Espanhol”, pela Lei n° 13.415/2017, que instituiu a Reforma do Ensino Médio no país. Como reação a esse fato, surgiu, no Rio Grande do Sul, o movimento #FicaEspanhol, que luta pela valorização e permanência do espanhol nas escolas públicas. O aporte teórico de nossa pesquisa se constitui nas bases epistemológicas da Análise de Discurso de linha francesa. As noções de Formação Imaginária (PÊCHEUX, [1969] 2019) e Formação Discursiva (PÊCHEUX; FUCHS, [1975] 1997), advindas da referida teoria, foram mais mobilizadas ao longo do trabalho. A constituição do corpus se deu a partir da aplicação de questionários escritos, direcionados a alunos e professores de escolas municipais e estaduais de Ensino Fundamental e Médio das cidades de Pelotas-RS/BR e Jaguarão-RS/BR. A cidade de Jaguarão-RS/BR foi escolhida como um dos locais de constituição do corpus por fazer fronteira com a cidade de Rio Branco, no Uruguai (país hispanofalante). Já a cidade de Pelotas-RS/BR foi escolhida por não ser fronteiriça e por ser uma das cidades mais importantes do estado. A partir da análise das sequências discursivas, identificamos duas Formações Discursivas de onde emergem diferentes saberes que sustentam as formações imaginárias de língua espanhola de professores e alunos da educação básica. A primeira delas se refere a uma FD Progressista, da qual emergem sentidos que apontam para um imaginário de valorização e importância da língua espanhola na escola. Além disso, no caso da cidade fronteiriça de Jaguarão-RS/BR, os saberes produzidos nessa FD apontam para um imaginário do espanhol como um elo de integração com os uruguaios. A segunda se refere a uma FD Neoliberal, na qual o inglês é representado, imaginariamente, como superior à língua espanhola. Nessa FD, o inglês é representado como língua franca, capaz de oferecer a oportunidade de comunicação em nível global, sendo a língua espanhola representada como algo desnecessário e dispensável no mundo globalizado.
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