Inventar a si mesmo: a apropriação do modelo da empresa por microempreendedores individuais em estados extremos do Brasil
Resumo
Esta dissertação foi construída a partir da perspectiva teórica desenvolvida por Michel Foucault, em Nascimento da Biopolítica. O neoliberalismo americano desenvolvido nos anos de 1940 e aplicado efetivamente a partir de 1970, propõe uma governamentalidade a qual exerce por meio de ferramentas jurídicas e políticas certas formas de conduzir os sujeitos. No modelo neoliberal, promove-se a generalização da concorrência por toda a sociedade, enquanto a esfera do Estado é compreendida como a instância que tem por função operar ativamente a construção e a manutenção da ordem do mercado. Nesse sentido, o enquadramento do Microempreendedor Individual é entendido nesta pesquisa como o resultado da disseminação das políticas neoliberais pensadas para estimular os mecanismos concorrenciais e aumentar a produtividade e o desempenho das empresas. Logo, o homo economicus é considerado como um modelo subjetivo que deve funcionar em acordo com o modelo neoliberal da empresa. Na concepção do neoliberalismo, o sujeito precisa maximizar o seu capital humano para conseguir atender às demandas do mercado, estar apto para lidar com os riscos da esfera econômica, e ser funcional e útil para a governamentalidade neoliberal. Como contrapartida, a instância do mercado oferece a possibilidade desses sujeitos terem mais liberdade e autonomia para empreender. Entretanto, é exigido que a figura do empreendedor de si aumente constantemente suas habilidades, e tome para si as responsabilidades de sua vida profissional. Sendo assim, objetivou-se compreender nesta pesquisa, por meio da técnica de entrevista semiestruturada, de que maneira o modelo da empresa é apropriado pela categoria de pessoa jurídica denominada Microempreendedor Individual, em Estados extremos do Brasil. De maneira geral, a pesquisa constatou que a apropriação do modelo da empresa pelos microempreendedores individuais constitui um processo instável e provisório, tendo em vista que a empresa é entendida como o lugar da adaptação permanente. Junto com isso, o modelo da empresa também é valorizado como um espaço onde é possível obter autonomia e sucesso profissional, em uma busca constante por uma “versão de si” que supere as “versões de si” anteriores.
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