Estudo de casos espontâneos de esporotricose canina e felina, e avaliação da melanina em células de Sporothrix schenckii em modelo murino
Resumen
A esporotricose é uma micose zoonótica, causada pelo fungo dimórfico
Sporothrix schenckii, que acomete o homem e várias espécies animais, especialmente
felinos domésticos. Dentre os fatores de patogenicidade do fungo, se destaca a
presença de melanina. Este trabalho teve como objetivo: estudar casos espontâneos de
esporotricose em caninos e felinos, avaliando os aspectos clínicos, epidemiológicos,
patológicos e terapêuticos; avaliar a presença de melanina, em células de transição e
leveduriformes, de isolados pigmentados e mutantes albinos de Sporothrix schenckii; e
comparar o desenvolvimento de esporotricose experimental produzida por isolados
pigmentados e mutantes albinos. Estudo de casos espontâneos: Foram estudados
casos de esporotricose felina e canina diagnosticados pelo Laboratório de Micologia
(FV-UFPel) durante o período de 2002 a 2006, nos quais se observou as principais
formas clínicas da esporotricose, que resultou em cutânea disseminada em felinos e
caninos, além disso, obteve-se o isolamento do fungo em testículos hígidos,
proveniente de felino com esporotricose cutânea. O tratamento dos animais foi
realizado com itraconazol, na dosagem de 10mg/kg/dia, via oral, obtendo-se a cura
clínica de 50% dos felinos e 100% dos cães. Esporotricose experimental: 60 ratos
albinos divididos em dois grupos, MEL+
e MEL-
, foram inoculados no coxim plantar, por
via subcutânea, com conídios pigmentado e mutante albino, respectivamente. Amostras
de tecido do ponto de inoculação foram colhidas por biópsia para estudo micológico,
histopatológico e ultraestrutural. Todos os animais desenvolveram lesões
características de esporotricose no ponto de inoculação, sendo observado diferenças
significativas na segunda, terceira e quinta semana do experimento. Os animais do
grupo MEL-
demonstraram ulceras no coxim plantar na segunda semana do
experimento (p<0,01) enquanto que o grupo MEL+
permanecia com edema e nódulo.
Nas semanas, três e cinco, o grupo MEL+
demonstrou lesões em outras áreas
corpóreas e aumento de volume do linfonodo poplíteo (p<0,05). Na histopatologia
verificou-se que isolados pigmentados incitam resposta inflamatória menos acentuada,
que permite a invasão e disseminação do agente. O estudo ultraestrutural demonstrou
que o fungo sintetiza melanina na forma leveduriforme, e que conídios pigmentados
perdem a camada de melanina durante a fase de transição. Observou-se, o aumento de
casos de esporotricose em felinos e a ocorrência da micose em cães, alertando para o
risco zoonótico e a importância do diagnostico diferencial para o adequado tratamento
da micose, enfatizando a eficácia e segurança da terapia com itraconazol na dose de
10mg/kg/dia. Na esporotricose experimental observou-se que existem diferenças no
período inicial do desenvolvimento da doença entre grupos inoculados com conídios
melanizados e não melanizados, já que os conídios perdem a camada de melanina
durante a fase de transição e quando na forma leveduriforme, ambos isolados são
capazes de sintetizar melanina in vivo.
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