O Conflito sobre os usos da propriedade rural face os imperativos da legislação ambiental: estudo sobre as representações de atores sociais acerca da questão das áreas de preservação permanente e reserva legal/Pelotas, RS
Resumo
O presente trabalho tem como objetivo analisar as representações de atores sociais
do município de Pelotas, RS sobre o uso dos recursos naturais, em que pese a
emergência de um novo marco jurídico que regula as atividades agropecuárias, em
meio aos objetivos conservacionistas ou da sustentabilidade ambiental. Indagar,
ainda, se é possível conciliar os interesses dos produtores, suas práticas e
representações sobre a propriedade dos recursos produtivos com o esforço da
sociedade em preservar a integridade dos agroecossistemas. A pesquisa tem como
referencial e apoio teórico a Teoria das representações sociais de Moscovici (1961).
Assim, foi feita uma pesquisa qualitativa, na qual foram realizadas onze entrevistas
individuais semi-estruturadas. O objetivo amplo da análise foi procurar sentidos e
compreensão. Tendo em vista que a coleta de dados foi feita através da aplicação
de entrevistas semi-estruturadas, o tipo de análise mais adequado foi o de conteúdo,
e mais especificamente, foram feitas análises da avaliação, que são as que tentam
principalmente revelar as representações sociais ou os juízos dos locutores a partir
de um exame de certos elementos constitutivos do discurso. A análise do conteúdo
das entrevistas revelou que, inobstante a diversidade de visões dos atores sociais
entrevistados sobre, de um lado, a persistência, ainda, de resquícios da antiga
concepção do uso da propriedade em um aspecto absoluto e, de outro lado, o
caminho contemporâneo de sua submissão aos interesses coletivos pela
preservação ambiental e pela sustentabilidade, o conflito, ainda claramente
perceptível entre as posições, está passando por uma mútua adequação obtida
através da adaptação tanto da legislação ambiental e das exigências da
sustentabilidade quanto das práticas sociais, originando a formação de novas
posturas, teóricas e práticas e de convivência, com maior tolerância recíproca das
consciências