Fatores associados à satisfação no trabalho de trabalhadores de CAPS do sul do Brasil
Abstract
A investigação da repercussão do trabalho em serviços de base comunitária por meio de estudos epidemiológicos abrangentes com a utilização de escalas padronizadas e validadas, a exemplo da SATIS-BR e da IMPACTO-BR, fornece
subsídios para avaliar a sustentabilidade das equipes de saúde mental de cuidados na comunidade. Este é um subestudo do Projeto CAPSUL II, financiado pelo Ministério da Saúde, com objetivo de avaliar os Centros de Atenção Psicossocial da
região sul do Brasil. Consiste em um estudo transversal com 546 indivíduos que trabalham em 40 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). O objetivo deste foi analisar satisfação e sobrecarga de trabalho em serviços da Região Sul do Brasil,
aferidas por meio das escalas SATIS-BR e IMPACTO-BR e também testar suas associações com variáveis demográficas, tipo de serviço, de condições de trabalho, organização do trabalho, faltas ao trabalho e condições de saúde. Entretanto os resultados aqui apresentados referem-se a análise da satisfação no trabalho. A prevalência de satisfação encontrada na amostra estudada foi de 66,4% e a média da satisfação global foi de 3,6 (para valores de 1 a 5). Após ajuste mostraram-se associados à maior satisfação: função no CAPS de nível superior (excetuando médicos e psicólogos); tempo de trabalho em CAPS de 6 meses ou menos; boa
supervisão pela equipe; realizar maior número de visitas domiciliares; possibilidade de fazer escolhas coletivas e cursos; e com menor satisfação: falta de ferramentas para o trabalho e presença de sobrecarga de trabalho. Os resultados mostram
associação da satisfação com fatores relacionados ao conteúdo do trabalho e às condições de trabalho no CAPS e também que um terço dos trabalhadores está insatisfeito em seu trabalho. Estes fornecem elementos para direcionar a busca por estratégias de organização dos serviços que contemplem as necessidades e aspirações dos segmentos envolvidos, pois mostram a necessidade de investir em
supervisão pela equipe do serviço, em processos que democratizem os serviços e também na formação de seus trabalhadores.