Urbe em tempos de varíola: a cidade do Rio Grande (RS) durante a epidemia de 1904-1905
Abstract
Ao longo do tempo, a história do homem esteve fortemente marcada por crises
geradas em consequência da incidência de doenças, principalmente aquelas de
natureza infectocontagiosa. Nesse cenário, tem destaque a varíola, cujos registros
demonstram que causou a morte de milhares de pessoas, desde a antiguidade até a
sua extinção na segunda metade do século XX. Antes da sua erradicação, essa
doença foi um problema social e político, interferindo no cotidiano e nos hábitos da
sociedade. Em consonância a esses fatos, o presente estudo tem como objetivo
traçar um perfil histórico da cidade do Rio Grande durante a epidemia de varíola
entre 1904 e 1905. Neste estudo, far-se-á análise do estado sanitário, das atitudes
individuais e coletivas da população diante do morbo infeccioso e os estigmas
associados à doença, a partir do olhar dos estudos preconizados pela história social,
história das doenças, da demografia histórica, da imprensa e da literatura. Para
alcançar esses objetivos, foram recolhidos dados quantitativos nos livros de óbitos e
de sepultamentos da Associação de Caridade Santa Casa do Rio Grande e notícias
veiculadas na imprensa local da época, junto ao acervo de jornais da Biblioteca Rio -Grandense. Esse manancial de informações auxilia na construção de gráficos e
tabelas, abrindo, dessa forma, a possi bilidade de diferentes conjecturas e permitindo
a realização de observações diversas. Esta dissertação é constituída por três
capítulos: o primeiro analisa a presença das doenças ao longo da história das
civilizações; o segundo foca a estrutura sanitária e as incidências de epidemias no
Brasil ao longo século XIX e início do século XX; o terceiro faz um cotejo entre os
dados quantitativos coletados e as matérias veiculadas na imprensa rio-grandina