Regulação da foliculogênese antral, ovulação e luteinização em fêmeas bovinas
Resumo
O conhecimento sobre o controle endócrino e local da foliculogênese, ovulação e
luteinização é crucial para o entendimento de processos fisiológicos e patológicos,
para o aprimoramento do controle do ciclo estral e desenvolvimento de tecnologias
que visem o aumento da taxa ovulatória, ou contracepção, em diferentes espécies.
Neste contexto, o objetivo desta tese foi avançar no entendimento do controle local da
função ovariana e investigar uma alternativa para aprimorar o controle da ovulação e
função luteal em bovinos. O primeiro estudo, revisou e discutiu os principais avanços
na compreensão dos fatores locais envolvidos na foliculogênese e ovulação, com
ênfase aos membros da superfamília dos fatores de crescimento transformantes beta
(TGF-β), proteína morfogenética óssea 15 (BMP15) e fator de crescimento e
diferenciação 9 (GDF9). No segundo estudo, avaliou-se o efeito de duas
administrações, por via intramuscular, do anti-inflamatório não esteroidal (AINE)
flunixina meglumina (FM) sobre a ovulação, induzida pelo hormônio liberador de
gonadotrofinas (GnRH). A administração parenteral do AINE FM (1.1 mg/kg) 16h e
26h após a indução da ovulação com GnRH não afetou a ocorrência do processo
ovulatório. Em um terceiro estudo, buscou-se determinar a curva de concentração
sérica de β-hCG ao longo do tempo 0 h (D0), 24 h (D1), 96 h (D4) e 168 h (D7) após
a aplicação de 1000 UI de gonadotrofina coriônica humana (hCG) por via
intramuscular; avaliar o efeito de 1000 UI de hCG, combinado ou não ao GnRH, sobre
a função luteal (produção de P4), perfusão sanguínea, diâmetro, área e circunferência
do CL; mensurar o efeito de 1000 UI de hCG sobre a concentrações intrafoliculares
de estradiol (E2) e P4, 24h após a indução da ovulação. Foi demonstrado um pico de
concentração de β-hCG 24h após a aplicação da hCG, que retornou sete dias depois
às concentrações da hora zero (momento da aplicação). A associação de dois
indutores de ovulação (GnRH + hCG) melhorou a capacidade esteroidogênica do CL,
sem alterar as suas características estruturais (perfusão sanguínea, diâmetro, área e
circunferência). Quando utilizada somente a hCG (1000 UI) foi observado um
incremento no tamanho do CL (diâmetro, área e circunferência), sem afetar a
concentração de progesterona e perfusão sanguínea. Além disso, não houve
diferença nas concentrações intrafoliculares de E2 e P4, 24h após indução da
ovulação, entre vacas do grupo GnRH e hCG. Com base nos estudos descritos, os
fatores oocitários (BMP15 e GDF9) são essenciais na regulação da diferenciação
folicular, determinação da taxa ovulatória e ocorrência da ovulação. A administração
de duas doses de FM, em dose terapêutica, na fase final do processo ovulatório não
bloqueou a ovulação e, portanto, não representa um modelo apropriado para o estudo
das prostaglandinas no processo ovulatório. Ainda, a administração de 1000 UI dehCG como indutor de ovulação ocasionou resultados pouco expressivos sobre a
função luteal de vacas cíclicas, entretanto, novas pesquisas devem investigar a sua
utilização em vacas com deficiência de LH.