Uso da anestesia computadorizada em Odontopediatria e tradução e adaptação transcultural de um instrumento para avaliar estilos de enfrentamento durante o atendimento odontológico
Resumo
A Odontopediatria e o atendimento infantil são repletos de particularidades e desafios, visto que crianças podem reagir de diversas formas frente às consultas odontológicas, apresentando medo/ansiedade ou manifestando comportamento não colaborador. O adequado controle da dor é fundamental no transcorrer da realização do tratamento odontológico. Dessa forma, sistemas de administração de anestesia local computadorizados vêm sendo desenvolvidos, visando minimizar a percepção de dor. Seu uso, entretanto, precede da utilização de técnicas de manejo do comportamento. Ainda, avaliar o estilo de enfrentamento das crianças frente ao atendimento odontológico e suas preferências pode auxiliar o cirurgião-dentista no adequado controle da dor e manejo do comportamento. Esta dissertação teve como objetivos a elaboração de um protocolo de um ensaio clínico randomizado (ECR) avaliando o uso da anestesia computadorizada em atendimentos odontopediátricos e a tradução e adaptação transcultural da escala The Monitor-Blunter Dental Scale (MBDS), visando sua inclusão no ECR. Para o objetivo 1, foi elaborado um protocolo, redigido de acordo com o SPIRIT e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Pelotas (nº 5.299.880). Dois grupos serão comparados: pacientes que receberão anestesia convencional – grupo controle, e pacientes que receberão anestesia computadorizada – grupo intervenção. A amostra será composta por 92 crianças. Para mensurar a ansiedade da criança, será realizado o VENHAM Picture Test, bem como verificação da frequência cardíaca pelo oxímetro, ansiedade traço/estado e estilo de enfrentamento (MBDS). O comportamento da criança será avaliado por meio da versão brasileira da Escala de VENHAM e a dor será avaliada por meio da Faces Pain Scale – Revised para autorrelato e Face, Legs, Activity, Cry and Consolability para manifestação. O nível de cortisol mensurará o estresse da criança e será avaliado pela manhã, antes e após a consulta. O estresse do operador será avaliado usando a escala visual analógica. Para o objetivo 2, foi realizado inicialmente os processos de: 1) tradução; 2) retradução para o inglês; 3) revisão por um comitê de revisão de especialistas; e 4) pré-teste. A MBDS avalia preferências quanto ao uso de estratégias de “monitoramento” ou “desatenção” pelas crianças durante o atendimento, visando identificar ‘estilos de enfrentamento’específicos. A escala consiste em quatro cenários: 1. Ter que ir ao dentista no dia seguinte; 2. Estar sentado na sala de espera para fazer um procedimento; 3. Estar prestes a usar a broca no dente e; 4. Estar prestes a tomar uma injeção na gengiva. O pré-teste foi realizado em 20 criancas, com a amostra dividida igualmente entre as idades de 8-9 e 10-12 anos. Todos os itens foram compreendidos por pelo menos 85% das crianças. Espera-se que os resultados gerados a partir do ECR planejado aumente o conhecimento sobre a efetividade das estratégias para reduzir a percepção de dor, a ansiedade e melhorar o comportamento durante a anestesia local em Odontopediatria. A escala MBDS foi devidamente traduzida para o português
brasileiro e adaptada ao contexto cultural da população avaliada e poderá ser utilizada neste e em outros ensaios clínicos, visando avaliar a influência do estilo de enfrentamento na percepção de dor, medo e e ansiedade.