dc.description.abstract | A literatura brasileira traz em seus romances afro-brasileiros a narrativa das histórias diaspóricas, de quando os negros da África chegam ao Brasil, assim como mostram a violência gerada durante o período escravocrata. Neste trabalho, projetamos apresentar o romance “Um defeito de cor” de Gonçalves (2006), compreendendo a literatura como um meio para discorrer sobre a identidade negra, que neste texto, vai ao encontro de uma reflexão sobre a interseccionalidade de gênero, de raça e de deficiência, ligando-a a capacidade e resistência de uma estudante que passamos a chamá-la de Juliana, frente aos desafios da sua formação escolar. Esse tema faz parte da minha pesquisa de doutoramento, vinculado ao PPGE FAE/UFPEL, Linha IV: Formação de Professores, Ensino, Processos e Práticas educativas, sob a orientação da professora Drª Georgina Helena Lima Nunes. A investigação tem como proposta compreender o processo de escolarização de uma estudante negra ao anunciar a
interseccionalidade como categoria de análise dos mencionados marcadores sociais a partir de sua história de vida. Portanto, o trabalho ora elaborado trata-se e uma abordagem metodológica qualitativa exploratória com delineamento bibliográfico a partir de autores (as) tais como: Nascimento (1985), Freire (1996), Adichie (2019), Crenshaw (2002), Hall (2006) Akotirene (2020) e Gonçalves (2006), contemplando os aspectos narrativos de uma obra literária e dos excertos de entrevistas realizadas com a estudante. “Um defeito de cor” de Ana Maria Gonçalves relata a história de uma mulher chamada Kehinde, já idosa, que nasceu em Savalu, capturada e traficada, foi escravizada no Brasil junto com a sua irmã e a sua avó, sendo que a autora usa de uma das reproduções ficcionais denominada Luísa Mahin, heroína do levante dos Malês que aconteceu em 1835 em Salvador. Dessa maneira, a obra abre espaço para dar voz a essa figura que historicamente foi silenciada. Embora o livro não tenha seu foco nos referidos marcadores do período escolar e na defesa de uma educação como uma das possibilidades de um futuro melhor, podemos extrair reflexões por meio deste fundo histórico e cultural e, miramos na possibilidade interseccional de levantar questões sobre gênero, raça e, implicitamente, deficiência, não apenas físicas, mas emocionais e psicológicas geradas pelos traumas vivenciados pela protagonista e as experiências de opressões vivenciadas pela Juliana em seu processo educacional. | pt_BR |