Dinheiro, mito e religião na filosofia de Walter Benjamin

Abstract

O trabalho tem como tema as relações entre dinheiro, mito e religião na obra do filósofo alemão Walter Benjamin. No fragmento escrito em 1921, O capitalismo como religião, Benjamin anota que, “metodologicamente, seria preciso investigar quais foram as ligações que o dinheiro estabeleceu com o mito no decorrer da história, até ter extraído do cristianismo a quantidade suficiente de elementos míticos para constituir o seu próprio mito.” Também se encontram no texto duas pequenas notas para potenciais investigações: “Comparação entre as imagens dos santos de diversas religiões, de um lado, e das cédulas bancárias de diversos Estados, de outro”; e o “espírito que se expressa nos ornamentos das cédulas bancárias” (BENJAMIN, 2013). Investigar tais conceitos e suas relações abre caminho para assuntos de primeira importância na filosofia benjaminiana. Sobre o mito, podemos remeter à interpretação de Theodor Adorno, segundo a qual a “reconciliação do mito” é o tema central da filosofia de Benjamin. Religião, por sua vez, remete à profunda distinção que Benjamin opera entre teologia e religião. Já o dinheiro está vinculado ao fetichismo, fenômeno de posição central tanto em formas sociais arcaicas quanto na nossa civilização burguesa capitalista.