Mostrar el registro sencillo del ítem
Música do mundo antigo: perspectivas multidisciplinares
dc.creator | Cerqueira, Fábio Vergara | |
dc.creator | Carderaro, Lidiane | |
dc.date.accessioned | 2024-04-24T22:33:09Z | |
dc.date.available | 2024-04-24T22:33:09Z | |
dc.date.issued | 2024-04-24 | |
dc.identifier.citation | CERQUEIRA, Fábio Vergara; CARDERARO, Lidiane (orgs.). Música do mundo antigo: perspectivas multidisciplinares. Pelotas: Ed. UFPEL. 2024. 354p. | pt_BR |
dc.identifier.isbn | 978-85-60696-42-0 | |
dc.identifier.uri | http://guaiaca.ufpel.edu.br/xmlui/handle/prefix/12841 | |
dc.description.abstract | Não é difícil compreender que a música é um elemento inerente ao ser humano e às suas relações socioculturais, afinal está presente no cotidiano da humanidade desde tempos muito remotos. Permeando as mais variadas facetas da vida social e cultural, imbricadas umas nas outras, costura uma rede de sentidos que constitui a cotidianidade humana. Sua importância é tão reconhecida que, mesmo na Antiguidade grega, o homem se dedicou a estudá-la e aperfeiçoá-la. A compreensão da importância da música nas sociedades antigas passa pelos diversos campos do conhecimento, despertando desde o interesse de antigos historiadores e teóricos, passando pelos filósofos até, claro, os dramaturgos. Ainda naquele tempo, é evidente a presença da música no imaginário cultural, atuando inclusive como um elo entre o humano e o divino, o que podemos perceber pelos inúmeros registros de episódios e seres mitológicos que mostram a estreita relação da mitologia com a música, e como esses registros atuavam como elementos educativos e moralizantes sobre o corpo social. Quando se estabelece uma oposição entre Apolo e Dioniso, por exemplo, cuja representação se dá principalmente opondo seus instrumentos musicais, lira e aulos, o que está sendo estabelecido é um antagonismo entre cultura e natureza, civilização e barbárie. Também os relatos historiográficos e filosóficos, ao narrar episódios de competições e festividades em que um músico estrangeiro é convidado ou impedido de se exibir, expõem uma conexão da música com as relações e os sistemas políticos das poleis e entre elas. É ainda no âmbito historiográfico que surge, na Antiguidade, um campo de estudos sobre a música e sobre a teoria musical impregnado de reflexões filosóficas e pedagógicas. Desde então, essa presença da música na cultura grega antiga tem influenciado a arte e a cultura ocidental, ressoando suas narrativas mitológicas, suas tramas teatrais, em novas formas de expressão – musicais, performáticas e plásticas. O panorama apresentado até aqui evidencia como a relação entre as pesquisas filológicas, históricas e arqueológicas, de um lado, e a música, de outro, constitui um campo de conhecimento bastante antigo na tradição ocidental. Campo este que ganhou novos olhares ao longo do último século, impulsionado pelas possibilidades do conhecimento inter e multidisciplinar. Seja no passado distante, seja no presente, estudar o passado da cultura musical é muito mais do que simplesmente investigar as práticas musicais e seus agentes. É considerar a música como uma perspectiva para se pensar o passado da humanidade, estudar as sociedades anteriores através de sua expressão musical, enquanto se compreende o papel social da música através dessas sociedades. Os estudos historiográficos, tanto quanto os filosóficos e os filológicos, além da pesquisa teórica, principais linhas de investigação sobre a música na Antiguidade, permaneceram até a atualidade ampliando e consolidando conhecimentos, debruçados sobre as fontes escritas que nos chegaram. As fontes escritas são compostas pelos estudos filológicos e históricos mencionados: tratados musicais, referências literárias a comportamentos, relatos sobre músicos e obras, entre tantos outros tipos de registros. As tradições musicais vivas são observadas pelos antropólogos, interessados pela Antropologia da Música, que produzem uma interpretação etnomusicológica destas experiências musicais. Já os estudos etno-históricos se baseiam em relatos feitos no passado sobre costumes de povos iletrados, ou cuja escrita se manteve por muito tempo desconhecida. Soma-se a essas linhas de investigação, sobretudo nas últimas três décadas, a pesquisa no âmbito arqueológico, a partir de um conjunto de disciplinas que concorrem para estruturar aquela que é já conhecida como Arqueologia da Música, acarretando consequências teóricas e metodológicas sobre este campo de pesquisa. Em busca da compreensão dos comportamentos e sons do passado musical, de caráter antropológico, combinam-se o uso das fontes escritas e a observação das tradições musicais vivas. No âmbito da Arqueologia da Música, basicamente, são dois os tipos de registros empíricos: os artefatos que produzem sons, nomeadamente (mas não somente) os instrumentos musicais, mas também as representações visuais de cenas musicais. Os instrumentos musicais, sejam eles preservados pelas tradições ou encontrados no contexto arqueológico, são objetos de uma disciplina de estudo em particular, a Organologia. Daí um ramo particular da Arqueologia, a Arqueorganologia. A coope- ração internacional experimentou grandes avanços na área, inclusive em termos de reconstituição de instrumentos e sons das músicas pretéritas. Evidência dessa interação é o grande debate travado acerca da antiguidade das primeiras flautas em osso conhecidas – as datações recuam a aproximadamente 35 mil anos. Harpas egípcias e órgão hidráulico grego somam-se a instrumentos das mais variadas regiões, pesquisados e tocados por arqueólogos, etnomusicólogos e músicos. Por outro lado, estudos modernos têm possibilitado uma profícua interação desse campo de pesquisa com a física, no estudo da acústica. Já as representações visuais alimentam três disciplinas: a própria Organologia, a Arqueologia e a Iconologia Musical. Pensando pela perspectiva dos estudos desenvolvidos no Brasil, temos particular interesse em explorar as potencialidades de estudo do passado musical a partir do cruzamento entre a cultura material e a iconografia. Há atualmente um crescente número de grupos de pesquisa, publicações, eventos e projetos em escala mundial que têm se dedicado a alguns desses campos, os quais avançam sempre pelo caminho da multidisciplinaridade. Em particular, destacamos o interesse pela Iconologia Musical, que motivou a criação, em 1971, do RIdIM–Répertoire Internationale d’Iconographie Musicale, destinado à indexação e catalogação das fontes visuais sobre a música. O projeto surgiu sob a chancela do ICOM – International Council of Museums, revelando o quanto as imagens sobre música se tornaram importantes para a preservação do Patrimônio Cultural da Humanidade. Desde 2012, ocorreram em Salvador, e por último em Campinas, as conferências internacionais do RIdIM Brasil, mostrando a vitalidade que os estudos de iconografia da música assumiram entre nós. Nesta obra, temos como objetivo primordial promover o intercâmbio de pesquisas sobre a música na Antiguidade sob seus vários aspectos e conexões com a poesia, com a iconografia e com as materialidades, desenvolvendo uma importante abordagem interdisciplinar sobre nosso objeto de estudo, abrangendo as variadas áreas de Ciências Humanas e Sociais, entre elas História, Arqueologia, Filologia, Letras e Artes. Foi com esse mesmo propósito que foi promovido, em 2019, o primeiro evento acadêmico no Brasil acerca do tema Música na Antiguidade, que ocupou a XX Jornada de História Antiga da Universidade Federal de Pelotas (evento realizado desde 1992), desenvolvendo um importante e profícuo diálogo acadêmico internacional, abrangendo pesquisadores atuantes em instituições nacionais e estrangeiras, e evidenciando a relevância dessas pesquisas e suas peculiaridades. Desenvolvidas em diferentes universidades, unidades de pesquisa, laboratórios e grupos de estudo sobre o Mundo Antigo, esses estudos têm como foco a música a partir dos diversos meios de transmissão – a poesia, a filosofia, a tratadística teórica musical, as imagens, a materialidade –, aspectos abordados por meio de fontes escritas e materiais. Os frutos desse evento têm sido colhidos das mais variadas formas, entre elas a publicação de um dossiê na revista Classica – Revista Brasileira de Estudos Clássicos (SBEC)1 e outra na revista Dramaturgias (UNB)2 , além desta obra que está sendo apresentada agora. Sem dúvida, o mais significativo e promissor resultado desses esforços se deu ainda durante o evento, quando aconteceu o I Encontro do Grupo Brasileiro de Estudos de Música na Antiguidade Greco-Romana e suas Ressonâncias, um marco para o estabelecimento da área como campo de estudos organizado no país, consolidando não só a criação do grupo de estudos, mas as diretrizes primordiais para seus trabalhos futuros. Dessa forma, a obra que aqui apresentamos resulta de uma cooperação internacional e nacional promovida por esse grupo de pesquisadores brasileiros, e vem a público com a intenção de encetar o debate sobre a Música da Antiguidade, fomentando e aproximando uma comunidade crescente de pesquisadores, juniores e seniores, no Brasil e nos países vizinhos do Cone Sul, em constante e profícuo diálogo com pesquisadores internacionais. Com o mesmo espírito, a coletânea inclui contribuições de pesquisadores consagrados nacional e internacionalmente, e contribuições de jovens pesquisadores, sérios e talentosos, que estão agregando à área novos olhares. A publicação coloca o Brasil na cartografia dos estudos da música antiga, revelando um conjunto dinâmico de pesquisadores e um ambiente efervescente de pesquisa. Com esta obra, esperamos estimular a consolidação de redes de pesquisa interdisciplinares que abordem o tema, mas também, e sobretudo, estimular a pesquisa na graduação e na pós-graduação sobre a temática. Por fim, ressaltamos que esta coletânea, primeira obra coletiva nacional dedicada à música da Antiguidade no país, marca o nascimento do Grupo Brasileiro de Estudos de Música na Antiguidade Greco-Romana e suas Ressonâncias. O conjunto de capítulos que aqui se apresenta foi especialmente pensado para apresentar ao público interessado a existência desse campo de estudos em nosso país e no universo lusófono, motivo pelo qual foi estrategicamente publicado em língua portuguesa, ainda que merecesse uma tradução para outro idioma. O estudo sobre a música na Antiguidade é, portanto, um campo de estudos em ascensão internacionalmente, e por meio desta obra, à qual dedicamos todo o cuidado que ela merece, apresentamos ao público brasileiro algumas pesquisas que têm sido desenvolvidas com excelência por pesquisadores brasileiros e estrangeiros, e inserimo-nos de forma marcante nesse contexto internacional de cooperação acadêmica. E é com o mesmo entusiasmo que agradecemos a colaboração de todos os autores, brasileiros e estrangeiros, que contribuíram para que este projeto fosse possível, bem como estendemos os agradecimentos às agências de fomento CNPq e CAPES, que tendo financiado o evento ocorrido em 2019, indiretamente também contribuíram para a realização deste trabalho. | pt_BR |
dc.description.sponsorship | Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq | pt_BR |
dc.language | por | pt_BR |
dc.publisher | UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS | pt_BR |
dc.rights | OpenAccess | pt_BR |
dc.subject | Música | pt_BR |
dc.subject | Mundo antigo | pt_BR |
dc.subject | Cultura musical | pt_BR |
dc.title | Música do mundo antigo: perspectivas multidisciplinares | pt_BR |
dc.type | book | pt_BR |
dc.rights.license | CC BY-NC-SA | pt_BR |
Ficheros en el ítem
Este ítem aparece en la(s) siguiente(s) colección(ones)
-
Editora UFPel: E-books [115]