Legado e reconhecimento: trajetórias de preservação da correspondência da prisão de Luiz Carlos Prestes (1936-1945)
Resumo
Esta tese tem como objeto de estudo as trajetórias de preservação da correspondência da prisão de Luiz Carlos Prestes. Escritos entre os anos de 1936 e 1945, as cartas, os bilhetes e os telegramas que integram essa correspondência foram preservados por meio de diferentes ações, agentes e instituições ao longo de mais de oito décadas em diferentes trajetórias de preservação. Assim, o objetivo desta investigação foi o de compreender como, e a partir de quais relações de reconhecimento, essas trajetórias de preservação se constituíram, desde sua escritura até a sua publicização e/ou salvaguarda institucional. A noção de “rastro” pensada por Ginzburg (1989; 2007) a partir de uma dialética do indício e do testemunho, ofereceu a lente teórica por meio da qual o texto epistolar foi lido nesta pesquisa, permitindo uma leitura indiciária dos testemunhos, e uma leitura testemunhal dos indícios. Em complemento, a noção de “reconhecimento”, tal como trabalhada por Ricoeur (2006), permitiu que a partir desses rastros as relações existentes entre os sujeitos da correspondência, seus herdeiros, as instituições no interior das quais as cartas foram produzidas ou circularam, e a sua preservação, pudessem ser pensadas como parte do mesmo processo. Nesse sentido, o texto epistolar publicado, as memórias e biografias dos correspondentes, a história das instituições e dos poderes que atravessaram as suas vidas, foram pensados como fios que entrelaçados compõem o tecido narrativo dessa história de preservação.