Biopolítica: as violências sobre os corpos das mulheres

Abstract

Foucault (2010; 2013) indicou que a biopolítica visa a governar o comportamento da população, por meio das ações do Estado, na qual são elaboradas as políticas públicas que controlam os comportamentos sociais. Os dispositivos de poder exercem o controle sobre os corpos e propagam discursos que sustentam as “verdades” necessárias para a manutenção e reprodução de determinadas “formas de vida” (LEITE, 2020). Nesse contexto, a vida e o corpo estão relacionados: são quase como sinônimos. A biopolítica, então, refere-se às ações direcionadas à vida que são efetivadas por meio da intervenção nos corpos, considerando que são esses corpos que precisam viver, e que são essas vidas (orgânicas, pois são corpos físicos) que necessitam de cuidados e de administração. Ou seja, há um modo pelo qual o Estado opera sobre os corpos, circunscrevendo-os e moldando os comportamentos, visando a melhor gestão da população. Assim, observa-se que o problema da vida é colocado no âmbito político, emergindo dois problemas filosóficos: a “vida” e a “política”. Isso porque, quando ambas são problematizadas de modo correlacionado, vinculam-se com o tema das vidas que estão “em risco” (bios) e que, em decorrência, atingem a população como um todo (político). Acrescenta-se a este cenário que o problema da vida da população precisa ser “resolvido” em termos de governo (isto é, macro politicamente), e não individualmente (micro politicamente). Para tanto, são elaboradas e implementadas ações na sociedade, ou seja, ações massificadas, pois são direcionadas e aplicadas a todos os indivíduos.