Cosmologias afrodiaspóricas: senzala na Charqueada São João – Pelotas/RS

Abstract

A reflexão a seguir contextualiza a relevância dos sítios arqueológicos com cosmologias afrodiaspóricas. Tem-se como escopo estimular a discussão sobre os estudos etnográficos realizados nesses contextos, de modo a compreender como contribuem para elucidar as diversas dimensões espirituais desses locais e os impactos das pesquisas arqueológicas gerados nessas comunidades. A partir de revisão bibliográfica do tema relatado acima, busca-se identificar e analisar as abordagens metodológicas no contexto da escravização nas américas e investigar como as mudanças interpretativas das cosmologias vem sendo exploradas ao longo do tempo e inseridas na arqueologia colaborativa (COLWELL; FERGUSON, 2008). O esquecimento de evidências não é propriamente contrário a memória, mas pode ser a crítica a ela (HAYES, 2011). A inserção de novas cosmologias nos processos de representação pública da memória, depende de uma interação com as comunidades com as quais nos relacionamos, as quais geralmente permanecem à margem dos processos memoriais e patrimoniais. Ao fazê-lo, opera-se de forma mais horizontal sobre o destino esperado para essas “coisas”, assim como as formas reivindicadas de leitura, salvaguarda e comunicação dessas materialidades. Este caminho é por nós compreendido como fazendo parte de um ideal, ainda muito distante, de reparação histórica (SAMPECK; FERREIRA, 2020).