Revisão sistemática de criptococose em animais domésticos e silvestres, isolamento e caracterização de espécies de Cryptococcus não-neoformans e não-gattii de órgãos de Columba livia

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Data
2021-07-30Autor
Bermann, Carolina dos Santos
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Cryptococcus spp. é descrito como um fungo basidiomiceto, leveduriforme e
sapróbio, causador da criptococose em humanos e animais. Embora, os complexos
Cryptococcus neoformans e Cryptococcus gattii sejam as espécies mais patogênicas
e mais comumente envolvidas na criptococose, nota-se que há um aumento do
número de infecções por outras espécies consideradas não comuns ou raras de
Cryptococcus. Columba livia desempenha um importante papel na disseminação de
C. neoformans através das suas fezes, bem como de espécies atípicas ou não
comuns deste fungo. Neste trabalho realizou-se uma revisão sistemática sobre
criptococose em animais domésticos e silvestres que se encontra no manuscrito 1.
Esta revisão sistemática constatou que o maior número de relatos de criptococose é
em espécies de animais domésticos, principalmente felinos. entre as espécies
silvestres os ferrets e coalas podem ser considerados importantes sentinelas da
presença do fungo no ambiente. Em todas as espécies observa-se a predominância
do comprometimento pulmonar ou neurológico e os países com maior número de
relatos são Austrália, Brasil, Canadá e Estados Unidos, com prevalência do
complexo C. gattii dos tipos VGI e VGII. Adicionalmente, no presente estudo
objetivou-se relatar o isolamento de espécies não comuns de Cryptococcus a partir
de cérebro, pulmão e intestino de Columba livia capturados em área urbana de um
município do sul do Brasil, contemplado no manuscrito 2. Columba livia (n=112)
foram capturados e eutanasiados. Cérebro, pulmão e intestino foram analisados e
submetidos ao cultivo micológico em agar niger, incubados a 30ºC/10 dias. Dessas
amostras, 13 apresentaram crescimento de colônias compatíveis com Cryptococcus
spp., porém sem produção de melanina. Ao exame direto com tinta nanquim
observou-se leveduras arredondadas a alongadas, com presença de cápsulas
evidentes. No teste de CGB, a maioria (92,3%) dos isolados apresentaram reação
positiva. A caracterização molecular foi realizada pelo sequenciamento das regiões
ITS1 e ITS2 e revelou a identificação de espécies não comuns de Cryptococcus,
incluindo Papiliotrema flavescens (n=5), Naganishia diffluens (n=5), Filobasidiella
magnum (n=2) e Naganishia randhawai (n=1). Após, amostras de cérebro e pulmão
(n=10) foram submetidas a testes de termotolerância em meio Sabouraud nas
temperaturas de -20°C, -5°C, 25°C, 37°C, 42°C e 50°C, no qual todos os isolados
apresentaram termotolerância. No presente estudo relata-se pela primeira vez o
isolamento de espécies não comuns de Cryptococcus de órgãos de Columba livia,
ressaltando a importância do Columba livia como possíveis disseminadores de
patógenos fúngicos ocasionais ou emergentes, uma vez que as espécies isoladas
expressam relevantes fatores de virulência.