Doses de progesterona e seus efeitos no protocolo de IATF de vacas de corte taurinas com elevado escore de condição corporal
Resumo
A inseminação artificial em tempo fixo (IATF) é uma das principais biotecnologias
reprodutivas utilizadas em fazendas de cria. Nos protocolos de IATF, a progesterona
(P4) exógena, na forma de dispositivos intravaginais (DIV), desempenha função
importante na sincronização da ovulação. As concentrações séricas de P4 durante o
protocolo de IATF dependem de vários fatores como a presença ou não de corpo
lúteo (CL) funcional, da dose de P4 no DIV e do metabolismo hepático, que é
influenciado pelo balanço energético. Em vacas taurinas com elevado escore de
condição corporal (ECC), não há estudo avaliando o efeito da dose de P4. O objetivo
foi avaliar diferentes doses de P4 no protocolo de IATF em vacas taurinas com
elevado ECC e seus efeitos na concentração sérica de P4 e diâmetro folicular na
remoção do DIV, bem como na taxa de concepção. No experimento 1, utilizou-se 35
vacas de corte de raças taurinas lactantes, com elevado ECC (≥3,5; escala de 1-5),
submetidas ao mesmo protocolo de IATF, diferindo apenas quanto a dose de P4:
DIV 0,5 ou 1g de P4. No D0, as vacas receberam 2 mg intramuscular (IM) de
benzoato de estradiol (BE), concomitante a inserção dos DIV. No D8, removeu-se os
implantes, aplicou-se 0,5 mg IM de cloprostenol sódico e 0,6 mg IM de cipionato de
estradiol (CE). Investigou-se a concentração de P4 e diâmetro do folículo dominante
(FD) na retirada do DIV. Os dados foram comparados por análise de variância no
software JMP. O experimento 2 foi realizado com 309 vacas taurinas de raças de
corte, lactantes, com elevado ECC (≥3,5; escala de 1-5) em quatro réplicas,
utilizando o mesmo protocolo do experimento 1, porém com adição de 300 UI IM de
eCG no D8. A IATF foi realizada 48 h após a remoção dos implantes, e o diagnóstico
de gestação, 35 dias após. O efeito dos tratamentos sobre a taxa de concepção foi
avaliado por regressão logística utilizando o software JMP. Em todas as análises
P≤0,05 foi considerado significativo. No experimento 1, não foi observada diferença
significativa (P=0,36) na concentração de P4 sérica na retirada do DIV entre os
grupos 0,5 g (4,2±0,8 ng/mL) e 1 g (5,4±1,1 ng/mL), porém as vacas do grupo 0,5 g
apresentaram maior diâmetro folicular (P=0,03) em comparação com vacas do grupo
1 g, sendo observado 9,5±0,5 e 7,9±0,5 mm, respectivamente. No experimento 2,
não houve efeito da réplica (P=0,12), nem da interação tratamento*réplica (P=0,74).
A taxa de concepção geral foi superior para o grupo 1 g (59,2%) comparada ao
grupo 0,5 g (46,7%; P=0,04). Conclui-se com o presente estudo que DIVs com
menor dose de progesterona resultam em folículos dominantes com maior diâmetro
na retirada do DIV, porém a taxa de concepção de vacas taurinas com ECC ≥ 3,5 é
maior com a utilização de DIV com maior dose de P4.