dc.description.abstract | A partir de 1964 inicia-se em países da América Latina uma avalanche de golpes civis-militares, autoritários e liberais. A começar pelo Brasil, as ditaduras inspiradas na Doutrina de Segurança Nacional (DSN) ocuparam grande parte do Cone Sul ao longo da segunda metade do século XX, deixando rastros de medo e insegurança nos quadros sociais e políticos de cada país. Sob o contexto de disputa por hegemonia gerada após o fim da Segunda Guerra Mundial, os golpes, geralmente atrelados às classes militares e empresariais, tiveram como uma de suas características principais a repressão social e política. Nessa perspectiva, o
presente trabalho visa analisar a mobilização da figura do “inimigo interno” em dois documentos presentes no Sistema Nacional de Informações (SNI), o relatório da Comissão Especial de Investigação Sumária da Universidade do Rio Grande do Sul (CEIS-URGS) e o Inquérito Policial-Militar (IPM) Subversão no município de Pelotas. Para a melhor compreensão sobre a DSN e o conceito de “inimigo interno” é necessário em um primeiro momento contextualizá-los. A partir da efetivação dos golpes de Estado atrelados a DSN, a doutrina passou a ser incorporada como fundamento teórico da proteção das sociedades nacionais. Antidemocráticos, os golpes instalados precisaram camuflar o autoritarismo de seus governos. Desse modo, desenvolveram ditaduras justificadas por uma “guerra interna” e a permanência de um inimigo também interno (Padrós, 2007). A DSN, atrelada a Guerra Contra Insurgente, de inspiração francesa, foi responsável por uma mudança na lógica militar, que incluiu ao imaginário militar uma figura difusa e mutável, o “inimigo interno”, que poderia ser qualquer sujeito que se colocasse em oposição ao regime. | pt_BR |