Fronteiras da independência: a política externa de Jânio Quadros e os ditos não-alinhados a partir dos periódicos Última hora e Tribuna da imprensa (1961)

Abstract

Em 30 de maio de 1961, as edições de Última Hora e a Tribuna da Imprensa repercutiram a decisão do governo Jânio Quadros em enviar um diplomata brasileiro, na condição de observador, a Reunião de Preparação para a I Conferência dos Não-Alinhados, no Cairo. Após semanas de especulações e esforços acerca da identificação da posição do Palácio do Planalto e do Itamaraty em relação a tal tema, os periódicos em questão atribuíram diferentes sentidos diante do mesmo episódio. No jornal de Samuel Wainer, além da reprodução de uma nota oficial sobre o tema, a posição brasileira seria avaliada à luz de considerações mais gerais sobre o desenvolvimento da Política Externa no governo Jânio Quadros. Identificado com as perspectivas trabalhistas e desenvolvimentistas, Última Hora se viria no paradoxo entre a demarcação de uma oposição à condução das agendas relacionadas à política doméstica e a demonstração de simpatia frente às mudanças promovidas no campo da Política Externa. Tal aproximação, porém, não ocorria de forma acrítica. No interior de um processo de afirmação consciente de apoio às movimentações autonomistas da PEB, episódios como a participação na Reunião do Cairo demonstravam as expectativas acerca da construção de uma inserção externa sólida, com enfoque para um papel mais assertivo do país no cenário global.