A concepção de ensino de matemática proposta pela política nacional de alfabetização: uma revisão de literatura

Abstract

O objetivo deste artigo é analisar os escritos produzidos e disponibilizados nas principais bases de dados que tratam da concepção do ensino de matemática proposto pela Política Nacional de Alfabetização - PNA. A Política Nacional de Alfabetização foi instituída pelo Decreto 9.765 no dia 11 de abril de 2019 (Brasil, 2019), apenas três dias após a posse do economista Abraham Weintraub no Ministério da Educação. No início daquele ano, o Ministro Ricardo Velez, que antecedeu o Ministro Weintraub, havia criado a secretaria de alfabetização e nomeado Carlos Francisco de Paula Nadalim como secretário. Foi este último que coordenou a elaboração da política. Esta trajetória é importante para que se possa entender a partir da linha de pensamento destes atores a concepção de ensino de matemática proposto pela PNA. Carlos Nadalim, discípulo de Olavo de Carvalho, não participava das discussões sobre alfabetização no Brasil. Ele vende cursos de alfabetização na internet, baseados no método fônico. Defende que este método tem sua eficiência comprovada através de evidências científicas. Assim, negando as pesquisas brasileiras sobre este tema, propõe uma política que visa importar soluções para os processos de alfabetização no Brasil. A PNA, através do Decreto 9.765, introduz dois conceitos: literacia para a alfabetização e numeracia para o ensino de matemática. O caderno de apresentação da política justifica que esses conceitos aproximam o Brasil dos relatórios internacionais de avaliação do desenvolvimento da educação. Além disso, esses termos são utilizados em países de primeiro mundo como Estados Unidos, Inglaterra e outros. Feito isso, passa-se para os caminhos realizados no estado do conhecimento.