dc.description.abstract | O presente texto fundamenta-se nas leituras de autores contra-coloniais e nos diálogos que temos estabelecido entre pares, especialmente desde a relação do segundo capítulo de A vida não é útil, de Ailton Krenak, intitulado Sonhos para adiar o fim do mundo, com o pensamento de autores interessados na relação entre os sonhos, parte do imagético de muitas culturas, inclusive de sua relação com a ancestralidade, e os deveres para com a preservação dos ecossistemas da terra, tendo em vista o bem viver de todas as pessoas. A relação entre os sonhos e a superação dos danos irreparáveis aos territórios, encontra-se a partir da atenção das pessoas à sua própria ancestralidade, ou seja, às relações de parentesco e consanguinidade que
inevitavelmente ligam as pessoas em um território. Conhecer, reconhecer, perdoar, assumir, ressignificar, dentre outras atitudes existenciais em relação às próprias ancestralidades e às ancestralidades das outras pessoas favorecem o entrelaçamento de sonhos em comum, ou seja de horizontes imagéticos a partir dos quais se torna possível a construção da solidariedade organizada e frutuosa entres as comunidades, a partir de mutirões permanentes de cuidado com a vida. Os desafios para a reconstrução das comunidades impactadas seja por projetos colonizadores, seja pelos danos das mudanças climáticas, por conflitos, ou outras formas de opressão ainda vigentes, como os refugiados de guerra é recuperar os sonhos possíveis para adiar o que povoa o imaginário ocidental: “o fim do mundo” (Krenak, p. 31). | pt_BR |