Mecanismos de tolerância ao chumbo e resposta ao estresse oxidativo de Bacillus pumilus, rizobactéria isolada de Enydra anagallis
Resumo
O chumbo está presente nas mais diversas matrizes ambientais em concentrações
traço, porém é um dos metais mais tóxicos e mesmo em baixas concentrações já pode
causar problemas. Nas plantas, por exemplo, afeta a germinação, estabilidade,
crescimento, absorção de água e nutrientes, além de causar estresse oxidativo. Já
em humanos e outras espécies animais, pode acumular nos ossos, afetar o sistema
reprodutivo, sistema nervoso, entre outros. Na busca de técnicas que visem a
remoção ou atenuação desse metal a níveis não prejudiciais, o conceito de
fitorremediação aparece como uma alternativa viável, por ser econômica, não
prejudicar o meio ambiente e, ainda, auxiliar na revegetação do local. Assim, este
estudo teve por objetivo avaliar a tolerância da rizobactéria Bacillus pumilus isolada
de Enydra anagallis ao chumbo e a resposta ao estresse oxidativo do isolado e da
espécie vegetal. A planta foi coletada nas margens da barragem Santa Bárbara
(Pelotas, RS). Para o estudo foi isolado e selecionado um micro-organismo, o qual foi
identificado molecularmente por meio do 16S DNA como Bacillus pumilus. Foram
analisadas as atividades das enzimas antioxidantes catalase, superóxido dismutase e
glutationa peroxidase, o estado redox através da reação ao ácido tiobarbitúrico, e o
potencial de remoção do metal pela rizobactéria. De acordo com os resultados,
Bacillus pumilus foi resistente a altas concentrações de chumbo (~200 mg/L) e foi
capaz de remover o chumbo do caldo nutriente. Interessantemente, o metal não
interferiu na atividade enzimática do isolado, mesmo na maior concentração testada.
Foram quantificadas altas concentrações de metal nas raízes, folhas e caules de
Enydra anagallis, demonstrando ser uma planta bioacumuladora. Da mesma forma,
foram quantificadas concentrações significativas de chumbo no solo e na água da
barragem Santa Bárbara, valores estes maiores do que os estabelecidos pela
legislação. Nas análises de atividade enzimática e de estado redox, a presença do
metal parece não interferir no metabolismo de Bacillus pumilus e Enydra anagallis,
indicando que, apesar dos níveis de chumbo encontrados nas matrizes ambientais, a
condição do meio em que a planta se encontrava não configurou uma causa de
estresse no seu metabolismo, provavelmente, por esta ter desenvolvido algum ou
alguns mecanismos de resistência.