Mídia ninja: a rearticulação da prática midiativista ao longo de diferentes conjuturas do campo movimentista no período de 2013 a 2020
Resumo
O ciclo de protestos de junho de 2013 no Brasil mobilizou milhares de pessoas, que saíram às ruas em todas as regiões do país para defender múltiplas demandas e posicionamentos, formando uma multidão de sujeitos com singularidades bastante distintas. Entre eles, estavam ativistas que autocomunicavam sua participação nos protestos em tempo real, através do uso de aparelhos móveis. O Mídia Ninja foi o coletivo que mais se notabilizou por esse tipo de ação, identificada pela literatura como midiativismo ou midialivrismo. Da efervescência das mobilizações de 2013 ao esvaziamento das ruas em 2020, causado pela pandemia de Covid-19, o Coletivo permaneceu atuante. A presente pesquisa investigou como o Mídia Ninja se rearticulou como prática midiativista ao longo de diferentes conjunturas do campo movimentista entre 2013 e 2020. Para isso, foram mobilizadas as categorias de midiativismo, engajamento, identidade coletiva e repertórios de ação. O método utilizado na pesquisa foi o qualitativo, contemplando a análise de documentos e conteúdos, bem como a realização de entrevistas semi-estruturadas com midiativistas que atuaram ou permanecem ativos no Coletivo. Concluiu-se que a prática midiativista Ninja foi rearticulada por meio de três ciclos distintos de engajamento, que apresentam predominâncias diferentes conforme as conjunturas vivenciadas. A identidade do Mídia Ninja, apesar da existência de identificações com múltiplas identidades e lutas, se constituiu a partir de significações coletivas vinculadas à prática protagonizada. Além disso, o Coletivo também ampliou sua rede de midiativismo e a utilização do ciberespaço como estratégia de disputa.