A trajetória de trabalhadores da cidade de pelotas (RS): a vida, o trabalho e as disposições.

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Data
2024-08-22Autor
Carmo, Arielson Teixeira do
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A sociedade do trabalho no Brasil estruturalmente precária e instável impõe para os trabalhadores relações laborais que são cada vez mais intensas e exaustivas. Nas fendas dessa estrutura os atores sociais que vivem do trabalho tentam se adaptar e readaptar às novas configurações laborais que assumem cada vez mais aspectos de um capitalismo neoliberal. Assim, o principal objetivo desta tese é analisar se as novas configurações do trabalho e a reforma trabalhista no Brasil estariam introduzindo novas disposições para o labor na trajetória de vida de diferentes categorias de trabalhadores na cidade de Pelotas, RS. Teoricamente, esta pesquisa fundamenta-se na perspectiva disposicionalista do sociólogo francês contemporâneo Bernard Lahire. Como metodologia utilizamos entrevistas biográficas ou narrativas de vida, que nos permitiu uma atenção maior para a fala e as histórias de vida dos entrevistados em seus processos de socializações laborais. Identificamos disposições que foram sendo incorporadas e como elas se fortaleceram em alguns casos, as quais passamos a enumerar: disposições laborais, disposições para trabalhos precários e árduos, disposições para empregos registrados, disposições para empreender, disposições para mais de um emprego e disposições para crença e descrença nos sindicatos. Compreendemos que, embora sejam atores sociais com suas singularidades e particularidades, os trabalhadores compartilham aspectos estruturantes da
sociedade laboral brasileira que torna suas trajetórias semelhantes. Nesse sentido, fomos além do observado por Lahire em sociedades modernas no contexto europeu, na qual o autor detecta que existe uma pluralidade de universos sociais que tornam os atores singulares e plurais. Percebemos que sociedades como a brasileira em que a homogeneidade precarizante do mundo
do trabalho se impõe, tornam os trabalhadores disposicionalmente semelhantes.