Efeitos de um programa remoto de treinamento físico combinado com treinamento cognitivo para pessoas idosas com risco aumentado de vulnerabilidade clínico-funcional: um ensaio clínico randomizado
Resumo
O objetivo desse estudo foi verificar os efeitos crônicos de um programa remoto
de 12 semanas de treinamento físico combinado com treinamento cognitivo, para
pessoas idosas com risco aumentado de vulnerabilidade clínico-funcional sobre
os parâmetros de capacidade funcional, capacidade cognitiva, qualidade de vida
e desempenho ocupacional. Participaram do estudo 26 pessoas idosas, com
idade média de 68,8 ± 6,4 anos, de ambos os sexos, sedentários e com risco de
vulnerabilidade clínico-funcional aumentado. Os participantes foram
randomizados e alocados em uma proporção de 1:1 em dois grupos de
treinamento, grupo intervenção de treinamento físico combinado com
treinamento cognitivo (TFC; n=13) e grupo controle ativo incluindo apenas
treinamento físico (TF; n=13). Ambos os grupos receberam os treinamentos de
forma remota, domiciliar e supervisionada. Os programas de treinamento tiveram
duração de 12 semanas. O TF recebeu duas sessões semanais e o TFC três
sessões semanais, pois foi acrescido o treino de cognitivo. Para manter o
treinamento de intensidade moderada, a Escala de Borg foi utilizada (intensidade
3). Foram realizados testes pré e pós-treinamento em ambos grupos, nas
seguintes variáveis: desfechos primários função cognitiva através do Mini Exame
do Estado Mental (MEEM), equilíbrio dinâmico com e sem dupla tarefa, através
do Teste Timed Up And Go (TUG), e nos desfechos secundários Índice de
Vulnerabilidade Clínico-Funcional (IVCF), Força de preensão manual, Teste de
sentar e levantar (30-s Chair Stand), World Health Organization Quality of Life bref (WHOQOL-bref), Hospital Anxiety and Depression Scale (HADS), Medida
Canadense de Desempenho Ocupacional (COPM), Digit Span Test (DST) e
Fluência Verbal Categoria Animais. A análise dos dados foi realizada por
intenção de tratar (ITT) utilizando o teste Generalized Estimating Equations
(GEE) e teste post-hoc de Bonferroni (α=0,05). Os resultados demonstraram que
o desempenho nos testes TUG e TUG com dupla tarefa apontaram melhora
estatisticamente significativa no efeito tempo (p=0,01 e p=0,02 respectivamente)
em ambos os grupos, assim como IVCF (p <0,01), WHOQOL-bref domínio físico
(p=0,01), psicológico (p=0,02) e meio ambiente (p=0,04), Fluência Verbal
Categoria Animais (p <0,01), DST (p=0,03), 30-s Chair Stand (p <0,01), pressão
arterial diastólica (p=0,01), COPM desempenho (p <0,01) e satisfação (p <0,01).
É possível concluir que o estudo apresentou resultados positivos para a
população, entretanto o treinamento cognitivo não trouxe benefícios adicionais
quando comparado ao treinamento físico de forma isolada.