Compreendendo os cuidados paliativos na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal sob a perspectiva Heideggeriana

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Data
2025-05-16Autor
Rebelato, Cibele Thomé da Cruz
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O ser humano é um ser-lançado no mundo, ele, não escolheu existir no mundo, na
compreensão filosófica, o neonato é lançado no mundo, sem ter tido a possibilidade
de escolher, quando, onde e como isso iria acontecer, de que maneira e em que
momento. Além disso, a partir de sua concepção já se configura em um ser-para morte. O objetivo desse estudo é desvelar a compreensão dos profissionais da saúde
sobre os cuidados paliativos na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. Trata-se de
uma pesquisa qualitativa, fenomenológica de Martin Heidegger. Aprovada pelo Comitê
de Ética em Pesquisa, sob o número do Parecer: 6.128.810. Realizada com os
profissionais da equipe multiprofissional de uma Unidade de Terapia Intensiva
Neonatal de um Hospital Escola, do Estado do Rio Grande do Sul. Para busca das
informações, foi realizada entrevista fenomenológica, no período de junho a setembro
de 2023. As informações foram transcritas na íntegra com dupla conferência e
enviadas para os participantes para validação, logo foram inseridas no programa
WebQDA – Qualitative Data Analysis. Para interpretação das informações foi utilizada
a hermenêutica filosófica de Paul Ricoeur. Emergindo três unidades de significação
Compreensão dos cuidados paliativos; Compreensão da morte na Unidade de Terapia
Intensiva Neonatal; O cuidado dos profissionais ao neonato na terminalidade e a sua
família. Desvela-se que os profissionais compreendem os cuidados paliativos como
forma de proporcionar conforto, e melhorar a qualidade de fim de vida. Na
neonatologia, percebe-se tratar-se de um assunto delicado, que requer discussão e
aprofundamento. A morte é percebida pelos profissionais de saúde como sendo o
término da vida, um processo de terminalidade, que remete a dor, perda, sofrimento,
passagem, despedida. No que tange, a morte neonatal, os participantes questionam
a facticidade de porquê uns vivem e outros não, alguns tem dificuldade em lidar com
a morte de alguém que viveu tão pouco, e ainda a aceitação se torna mais fácil,
quando se tem um cenário em que o prognóstico é ruim, como quando o bebê terá
sequelas. O cuidado ao neonato na terminalidade é constituído por conforto, controle
e alívio da dor, e diminuição da manipulação, ressalta-se ainda, a criação de memórias
e o envolvimento dos pais no cuidado, para fortalecer o vínculo. Em relação ao uso
de protocolo de Cuidados Paliativos, a maioria dos profissionais, concorda que é
importante a sua implementação. Diante disso, os cuidados paliativos na neonatologia
desafiam os profissionais de saúde, principalmente a estabelecerem momentos em
que os investimentos devem parar, e determinarem os Cuidados Paliativos neonatais
como conduta, pois não veem o neonato como um ser-para-morte. Nesse contexto,
são necessários conhecimentos, capacitações e discussões sobre os Cuidados
Paliativos neonatais e o processo de morrer do bebê, para implementação de
protocolos de gestão dos cuidados paliativos que atendam às necessidades do bebê,
enquanto ser-no-mundo com a sua família. E assim, a equipe sinta-se empoderada e
segura de que suas ações irão contribuir para qualidade do cuidado desse ser, que
embora frágil, é um ser-para-a-morte.