Efeitos da suplementação com Lithothamnium calcareum na nutrição de vacas leiteiras: Impactos na produção, resposta inflamatória e emissão de metano
Resumo
Dietas com alta inclusão de amido são amplamente utilizadas na bovinocultura leiteira
intensiva com o objetivo de aumentar a densidade energética da ração e,
consequentemente, a produção de leite. No entanto, esse tipo de dieta eleva o risco
de ocorrência da acidose ruminal subaguda (SARA), uma disfunção fermentativa que
compromete a saúde do rúmen, o desempenho produtivo e pode desencadear
processos inflamatórios sistêmicos. Para prevenir esse distúrbio, estratégias
nutricionais devem ser adotadas, como a inclusão de fontes de fibra fisicamente
efetiva e o uso de aditivos com ação tamponante. Neste contexto, o presente estudo
avaliou os efeitos da suplementação com Lithothamnium calcareum, uma alga
marinha com propriedades tamponantes e rica em minerais, sobre o pH ruminal,
desempenho produtivo, parâmetros inflamatórios e emissão estimada de metano
entérico em vacas leiteiras alimentadas com dieta rica em amido. O experimento foi
conduzido com 36 vacas Holandesas multíparas, distribuídas aleatoriamente em dois
grupos (n = 18): grupo controle (CON), suplementado com bicarbonato de sódio (1,1%
da MS), e grupo Lithothamnium calcareum (LITHO), suplementado com
Lithothamnium calcareum (0,5% da MS). O período experimental teve duração de 60
dias, sendo que ambos os grupos receberam a mesma dieta basal (TMR com 29,28%
de amido). O primeiro estudo teve como objetivo avaliar o impacto da suplementação
com Lithothamnium calcareum sobre a saúde ruminal, comportamento alimentar e de
atividade, produção e composição do leite, além do estado metabólico das vacas. O
segundo estudo investigou os efeitos da suplementação com Lithothamnium
calcareum sobre o pH ruminal e os níveis séricos de ferro e hepcidina, com o intuito
de avaliar seu potencial como marcadores de inflamação sistêmica. Já o terceiro
estudo estimou a produção de metano entérico a partir das proporções de ácidos
graxos voláteis (AGV) no fluido ruminal e analisou sua relação com o consumo de
matéria seca (CMS) em vacas suplementadas com com Lithothamnium calcareum.
De modo geral, os resultados indicam que o Lithothamnium calcareum é uma
alternativa viável como aditivo tamponante em dietas altamente fermentativas,
promovendo estabilidade ruminal e desempenho produtivo satisfatório, sem efeitos
adversos sobre biomarcadores inflamatórios, metabolismo ou comportamento. No
entanto, seus efeitos sobre a mitigação da emissão de metano entérico ainda
requerem investigação mais aprofundada.