Trabalho e educação física no contexto de crise do capital, indústria 4.0 e ideologia pós-moderna
Resumo
Este estudo tem por objetivo analisar as transformações do mundo do trabalho e seus impactos nas políticas educacionais, com ênfase na Educação Física, no contexto das crises do capital, da Indústria 4.0 e do avanço da pósmodernidade. No âmbito da Educação Física, tais transformações são observadas na implementação de políticas como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e a Reforma do Ensino Médio, que introduzem uma abordagem tecnicista e utilitarista, alinhada às necessidades de uma economia neoliberal. Essa orientação tende a restringir a área ao desenvolvimento de competências operacionais, desconsiderando sua potencialidade para a formação humana e crítica dos estudantes. Nesse sentido, buscou-se compreender como as diretrizes educacionais refletem as contradições do modelo capitalista e contribuem para a reprodução das desigualdades sociais. Paralelamente, o avanço do irracionalismo pós-moderno se apresenta como uma estratégia ideológica que reforça a adaptação aos ideários burgueses da contemporaneidade. Ao fragmentar o conhecimento e enfraquecer narrativas críticas, o pós-modernismo atua como um instrumento que dificulta a resistência organizada, promovendo a aceitação passiva das condições impostas pelo sistema dominante. Diante do exposto, conclui-se que a luta por uma educação e uma Educação Física comprometidas com a emancipação humana é uma tarefa urgente frente às condições impostas pelo neoliberalismo, pela lógica mercantil e pela fragmentação promovida pelo pósmodernismo. Reafirmar a centralidade do conhecimento científico sistematizado significa não apenas resistir às investidas do capital, mas também construir alternativas concretas para transformar a realidade. É nessa perspectiva que a Educação Física, compreendida como práxis pedagógica e social, pode assumir um papel estratégico na promoção de uma formação crítica e na luta por condições de vida mais justas e dignas. Ao final, este estudo defende que, ao reconhecer o movimento historicamente produzido como expressão das relações sociais e potencial espaço de resistência, a Educação Física transcende sua função técnica e se posiciona como um instrumento de enfrentamento às desigualdades e à exploração. Assim, insere-se no projeto de construção de uma sociedade que se oriente pela justiça social, pela igualdade e pela emancipação coletiva, apontando para um futuro onde o conhecimento e a educação estejam a serviço da superação do sistema vigente e da conquista de uma vida plena para todos os trabalhadores.