Efeitos da prática de Yoga sobre a fadiga relacionada ao câncer de pacientes em tratamento primário para câncer de mama: um ensaio clínico randomizado
Resumo
O objetivo desta dissertação foi analisar os efeitos de um programa de Yoga, em comparação com um grupo controle, sobre desfechos físicos e psicológicos de pacientes diagnosticadas com câncer de mama em tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na cidade de Pelotas-RS. Para tanto, nove mulheres foram randomizadas em grupo Yoga (n = 5) ou grupo controle (n = 4). As participantes do grupo Yoga (GY) foram submetidas a um programa de Yoga, associado com educação em saúde, duas vezes por semana durante oito semanas, com duração de 60 minutos cada sessão. O grupo controle (GC) participou apenas de encontros de educação em saúde, uma vez por semana, também durante oito semanas e com encontros de 60 minutos. Foram realizadas avaliações da fadiga relacionada ao câncer, qualidade de vida, dor, capacidade funcional e nível de atividade física no lazer pré (semana 0) e pós-intervenção (semana 9). Para analisar os dados foi utilizado o teste Generalized Estimating Equations (GEE) e post-hoc de Bonferroni (α=0,05). Foram realizadas análises estatísticas por protocolo (PP) e intenção de tratar (ITT). Na fadiga total, foi observado um efeito significativo na interação grupo*tempo na análise PP (p=0,039) e uma significância limítrofe na análise por ITT (p=0,080). Após oito semanas foi observado uma redução de 38,1 ± 27,1% da fadiga no GY do momento pré para momento pós, mudança no GC. A qualidade de vida no domínio bem-estar físico apresentou um efeito significativo na interação grupo*tempo na análise PP (p=0,001). Houve redução de 6,1 ± 5,4% da qualidade de vida no GY e aumento de 11,4 ± 10,6% da qualidade de vida no GC após oito semanas. A percepção de dor não modificou após as oito semanas em ambos os grupos. Para a capacidade funcional, no teste de caminhada de 6min as análises por PP e ITT indicaram efeito significativo na interação grupo*tempo (PP: p = 0,035 e ITT: p = 0,046). Apenas o GY melhorou 22,3 ± 19,1% do momento pré para o pós-intervenção, sem diferenças para o GC. Nos testes de sentar e levantar (PP e ITT: p <0,001) e flexão de cotovelo (PP: p = 0,018; ITT: p = 0,036), houve aumento significativo de 165,5 ± 586,4% e 13,4 ± 24,1% respectivamente no número de repetições do momento pré para o momento pós-intervenção independente do grupo. Para o nível de atividade física no lazer foi observado aumento de 115,4 ± 203,0% no tempo de atividade física de lazer do momento pré para o momento pós-intervenção, independente do grupo (PP: p = 0,007; ITT: p <0,001). Os resultados desta dissertação indicam que a prática de Yoga associada com Educação em saúde reduziu significativamente os níveis de fadiga e melhorou a capacidade aeróbia de pacientes em tratamento para o câncer de mama.