Ocorrência de protozoários zoonóticos em animais silvestres e águas brutas no contexto de saúde única no Sul do estado do Rio Grande do Sul

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Data
2025-10-01Autor
Zorrer, Willian Cardoso Ferreira
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Este estudo visa detectar a vigilância epidemiológica de patógenos zoonóticos, em
animais silvestres no sul do Rio Grande do Sul, Brasil. Sua relevância está baseada
nas estimativas de que mais de 60% dos patógenos humanos conhecidos são
zoonóticos, sendo a investigação crucial devido ao aumento da interação
interespécie causada por fatores como expansão urbana e mudanças climáticas.
Investigou-se a ocorrência de patógenos zoonóticos de relevância em saúde pública
— Cryptosporidium spp., Cystoisospora spp., Giardia lamblia, Leishmania spp. e
Trypanosoma spp. — em animais silvestres e águas brutas no sul do Rio Grande do
Sul, Brasil, sob a perspectiva da Saúde Única como estratégica para a vigilância
epidemiológica, assim como o entendimento dos reservatórios biológicos destes
protozoários e a dinâmica dos mesmos. Foram analisadas amostras teciduais de
animais silvestres atropelados, bem como águas superficiais de rios e córregos da
microrregião de Pelotas, utilizando-se técnicas de diagnóstico molecular para
identificar a presença dos protozoários. Os resultados revelaram uma prevalência
elevada de Trypanosoma cruzi (80% dos animais analisados), abrangendo ampla
diversidade de hospedeiros, incluindo mamíferos de diferentes nichos ecológicos e
aves, evidenciando um ciclo enzoótico robusto com potencial de transbordamento
para humanos e animais domésticos. Também foi detectada Leishmania spp. em
indivíduos na Estação Ecológica Taim e na zona rural de Piratini-RS, localidades
tradicionalmente consideradas de baixa prevalência para a leishmaniose, o que
sugere possível expansão geográfica do ciclo silvestre dessa doença no extremo sul
do Brasil.Paralelamente, a detecção dos patógenos Cystoisospora spp. e Giardia
lamblia foi contínua em todas as coletas. No entanto, sua ocorrência variou
significativamente, mantendo-se entre 25% e 62,5% nos diferentes pontos de coleta.
Esses achados, aliados à detecção de protozoários de transmissão hídrica (Giardia
lamblia e Cystoisospora spp.) em fauna e em múltiplos pontos de águas brutas,
reforçam a importância de integrar o monitoramento ambiental e da fauna na
vigilância epidemiológica. O estudo fornece subsídios para a análise da distribuição
geográfica de patógenos, a formulação de estratégias preventivas e de controle
alinhadas aos princípios da Saúde Única, visando reduzir riscos à saúde humana e
preservar a integridade dos ecossistemas.
