Controle da Leptospirose: imunização passiva ou ativa em modelo animal e diferenças na severidade da doença entre machos e fêmeas
Resumo
A leptospirose é uma zoonose causada por espiroquetas patogênicas do gênero Leptospira que afetam tanto humanos quanto animais. As estimativas são cerca de 1,03 milhões de casos e 58,900 mortes por ano em todo o mundo, com uma taxa de mortalidade que varia de 10% a 70%. Neste estudo, avaliamos três abordagens potencialmente efetivas para o controle da leptospirose. 1) Avaliação das diferenças entre hamsters machos e fêmeas infectados com diferentes doses de L. interrogans. Grupos de 12 machos e 12 fêmeas foram infectados com com 103, 5 x 103 e 104 L. interrogans. As fêmeas mostraram ser mais resistentes à leptospirose, apresentando uma maior taxa de sobrevivência e desenvolvendo um quadro menos severo da doença em relação aos machos. Os machos apresentaram um maior nível de citocinas e quimiocinas pró-inflamatórias e inflamatórias, maior carga de bactérias no rim e maior dano tecidual quando comparadas às fêmeas expostas às mesmas condições. 2) Eficácia e proteção de dois diferentes anticorpos monoclonais (mAbs) contra a OMP LipL32 foram testadas através de ensaios de imunização passiva in vitro e in vivo. Grupos de hamsters fêmeas de 8 semanas de idade foram inoculados com 250 μg de anticorpos anti-LipL32, em três estratégias de imunização. Hamsters imunizados com o anticorpo mAb3 6 horas antes do desafio apresentaram uma taxa de sobrevivência de 61,11% (P < 0,0001). Além disso, uma redução significativa no dano pulmonar (P < 0,05) foi observada nos grupos vacinais que apresentaram sobreviventes. 3) Camundongos C3H/HeJ foram vacinados por via oral com Escherichia coli expressando as proteínas LemA (Ec-LemA), LipL32 (Ec-LipL32) e TolC (Ec-TolC), e submetidos ao desafio subletal com L. interrogans. Observamos que os grupos vacinados com EcLemA e Ec-LipL32 apresentaram uma redução na eliminação de L. interrogans na urina, uma redução na carga bacteriana no sangue e redução na perda de peso quando comparados aos grupos controle. Nossos resultados apontam que 1) hamsters machos infectados com L. interrogans são mais suscetíveis de sucumbir ou desenvolver uma doença mais grave quando comparado às fêmeas. O sistema imunológico libera altos níveis de quimiocinas e citocinas que, em uma produção prolongada, promove danos no tecido (renal) levando a um aumento na gravidade da doença e consequente morte dos animais. 2) ambos os anticorpos monoclonais anti-LipL32 promoveram inibição do crescimento de L. interrogans in vitro e in vivo, protegendo os hamsters contra o desafio letal, quando administrados antes da exposição ao patógeno. 3) A vacinação oral de camundongos mostrou uma indicação promissora de que é possível eliminar ou, pelo menos, reduzir a liberação de Leptospira na urina de camundongos infectados. Apesar dos resultados iniciais promissores, a repetição deste experimento necessita ser realizada de forma a alcançar significância estatística para suportar os dados obtidos até agora.

