Exercício físico supervisionado remotamente em indivíduos com Diabetes Mellitus tipo 2: evidências de uma revisão sistemática e um ensaio clínico randomizado
Resumo
A presente dissertação integra os resultados de dois estudos que investigaram os
efeitos de intervenções de exercícios físicos supervisionados remotamente em
indivíduos com Diabetes Mellitus tipo 2 (DMT2). O primeiro estudo, uma revisão
sistemática da literatura, teve como objetivo avaliar a eficácia clínica de programas
de exercícios supervisionados remotamente sobre controle glicêmico, capacidade
cardiorrespiratória, qualidade de vida (QV) e pressão arterial em indivíduos com
DMT2, além de sintetizar as características metodológicas dos estudos incluídos. A
revisão abrangeu buscas nas bases PubMed, Embase, Scopus, Web of Science e
SciELO, com inclusão de quatro estudos que contemplaram 263 participantes,
submetidos a intervenções de 6 a 8 semanas com exercícios aeróbios, força,
respiratórios e/ou de equilíbrio. Os achados indicaram melhora no controle glicêmico
em todos os estudos, bem como melhora na capacidade cardiorrespiratória e
qualidade de vida em três estudos. Nenhum estudo avaliou pressão arterial,
evidenciando uma lacuna metodológica. O segundo estudo, um ensaio clínico
randomizado, objetivou avaliar os efeitos de um programa de 12 semanas de
exercício físico supervisionado remotamente sobre QV, qualidade do sono (QS),
sintomas depressivos (SD) e estresse emocional relacionado ao diabetes (EERD)
em indivíduos com DMT2. Trinta e três participantes foram alocados
randomicamente em grupo intervenção (GI), submetido a treinamento combinado
supervisionado remotamente, e grupo controle (GC), que recebeu orientações para
prática de atividade física via WhatsApp. A avaliação dos desfechos foi realizada
por meio de questionários online validados, com análise estatística utilizando
Generalized Estimating Equations com post-hoc de Bonferroni. Os resultados
evidenciaram melhora significativa na QS no GI (p = 0,036) e melhora na QV ao
longo do tempo em ambos os grupos (p < 0,001), sem alterações estatisticamente
significativas nos SD e no EERD. Em suma, a revisão sistemática reforça a
segurança e eficácia dessas intervenções para o controle glicêmico, capacidade
cardiorrespiratória e qualidade de vida, enquanto os dados do ensaio clínico
corroboram que intervenções supervisionadas remotamente promovem benefícios
psicossociais relevantes, especialmente na qualidade do sono e qualidade de vida.
Ressalta-se, contudo, a necessidade de estudos futuros com protocolos
padronizados e rigor metodológico aprimorado, visando ampliar a evidência
científica e consolidar a prescrição de exercícios supervisionados remotamente
como estratégia terapêutica em indivíduos com DMT2.
