Efeito tipo antidepressivo da benzamida N-(3-(fenilselenil)prop-2-in-1-ílica (SePB) em camundongos: implicações no sistema dopaminérgico
Resumo
Devido à sua complexidade e heterogeneidade, os transtornos depressivos (TDs) apresentam desafios significativos aos tratamentos convencionais, destacando a necessidade de inovações terapêuticas na área. A N-(3-(fenilselenil)prop-2-in-1-ílica tem sido objeto de estudos pré-clínicos devido ao seu efeito tipo antidepressivo, o qual foi demonstrado em camundongos. Embora a influência serotoninérgica neste efeito já tenha sido demonstrada, outros sistemas de transmissão associados aos TDs, como o dopaminérgico e o noradrenérgico, ainda não foram investigados. Este estudo buscou aprofundar a compreensão do mecanismo subjacente ao efeito tipo antidepressivo da SePB, utilizando o teste da suspensão pela cauda (TSC) para investigar a participação dos sistemas dopaminérgico e noradrenérgico. Adicionalmente, procedeu-se à avaliação do perfil farmacocinético in silico da SePB. A administração de antagonistas dopaminérgicos (sulpirida 50 mg/kg, intraperitoneal, um antagonista seletivo dos receptores D2/3; SCH23390 0,01 mg/kg, subcutânea, um antagonista dos receptores D1; e haloperidol 0,05 mg/kg, i.p., um antagonista não seletivo de receptores de dopamina) antes da administração de SePB (10 mg/kg, intragástrica) impediu o efeito anti-imobilidade demonstrado pela SePB no TSC, evidenciando o envolvimento desses receptores no efeito tipo antidepressivo da SePB. Já a pré-administração de antagonistas noradrenérgicos (prazosina 1 mg/kg, i.p., um antagonista α1-adrenérgico; yohimbina 1 mg/kg, i.p., um antagonista α2-adrenérgico; e propranolol 2 mg/kg, i.p., um antagonista β-adrenérgico) e SePB (10 mg/kg) não bloqueou o efeito tipo antidepressivo observado no TSC, sugerindo que os receptores noradrenérgicos não contribuem para a ação terapêutica demonstrada pela SePB. A coadministração de SePB e bupropiona (um inibidor de recaptação de noradrenalina/dopamina) em doses subefetivas (0,1 e 3 mg/kg, respectivamente) produziu efeitos tipo antidepressivos, corroborando com os resultados anteriores e demonstrando que o sistema dopaminérgico parece estar implicado no efeito tipo antidepressivo da SePB. O perfil farmacocinético da SePB demonstrou boa biodisponibilidade oral e baixa toxicidade, sugerindo sua viabilidade como candidato a possível fármaco. Esses resultados sugerem que o mecanismo de ação da SePB, um novo composto com efeito tipo antidepressivo, está relacionado à modulação do sistema dopaminérgico e pode representar uma nova alternativa farmacológica a ser explorada nos TDs.

