Abambaé – “terra dos homens”: a invenção de uma brasilidade por intermédio da performance cênica do samba de roda
Abstract
O papel que a arte tem exercido no cotidiano tem possibilitado uma renovação na forma de pensar os objetos e as manifestações culturais. O fazer artístico possibilita um novo fazer cultural que tem fixado parte de sua preocupação na dimensão estética. Tem estado em evidência à contribuição cultural exercida por grupos artísticos que buscam na performance cênica apresentar diferentes manifestações populares e tradicionais. Este trabalho aborda a apropriação da corporeidade do samba de roda do Recôncavo Baiano realizada pela Abambaé Companhia de Danças Brasileiras, da cidade de Pelotas/RS. Expressão esta reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil em 2004 e posteriormente, em 2005, como Obra Prima do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade pela UNESCO. Com foco na corporeidade e na criação coreográfica enquanto (re)significação cultural, na maneira como os atores expressam seus sentimentos através da dança, e, a partir de uma pesquisa embasada nos métodos da antropologia da dança e da etnomusicologia, busquei compreender os elementos técnico-expressivos desta tradição centenária que permeia ritual, religiosidade e sociabilidade, e o processo pelo qual eles se transformam através da composição coreográfica para a cena. A partir deste estudo pode-se perceber a apropriação do samba de roda e as reinscrições a partir do corpo e da poética empregada pelos bailarinos, compondo assim a estética desejada pelo grupo. No caso específico da Abambaé se evidenciou que a companhia através do seu trabalho acaba por “criativamente, inventar” um novo Brasil. Com um entendimento e estética próprio, o Brasil da Abambaé, diverso e alegre e que o samba de roda está diretamente ligado a esta representação de Brasil que a companhia busca mostrar tanto em nível nacional como, e principalmente, internacional.
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